Mais uma vez Santa Catarina tem papel importante na investigação do futebol brasileiro. Se em 2000 e 2001 o catarinense Geraldo Althoff foi o relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou o futebol, quase 15 anos depois, o senador Paulo Bauer (PSDB), também do Estado, integra a CPI do Futebol como vice-presidente.

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Relator da primeira CPI do Futebol, Althoff afirma: “Investigação será mais fácil”

A nova comissão deseja aproveitar as investigações do FBI sobre a Fifa, que levou à prisão o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, e fez Joseph Blatter convocar eleições para a presidência da entidade para fevereiro de 2016. Uma das primeiras atitudes de Bauer foi convidar o jornalista Andrew Jennings, que estará no Senado no dia 3 de setembro. Escocês de 72 anos, ele é autor do livro Jogo Sujo, que destrincha e denuncia vários casos de corrupção na Fifa. Bauer conhece bem Jennings, afinal, em outubro 2011, os dois estiveram juntos em uma audiência pública sobre o tema.

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– Em 2011, o Andrew Jennings apenas informava fatos que ele havia identificado na Fifa e as suspeitas de atividades e negócios que a entidade teria feito e que estariam fora da legalidade. O fato é que, agora, a Fifa passa por uma investigação do FBI e com dirigentes presos e pessoas responsabilizadas por atos ilegais, comprovando as informações dele. O que nos interessa é saber se ele sabe algum tipo de relação e negócio entre a Fifa e a CBF ou entre as empresas denunciadas e a CBF – explicou Bauer.

Expectativa de um final diferente

A expectativa é que as investigações, avancem e provoquem mudanças no esporte, ao contrário do início dos anos 2000, quando o relatório de Althoff não provocou transformações estruturais.

– Todas as pessoas citadas no relatório do Althoff foram chamadas a se explicar diante do judiciário e do Ministério Público. Mas todos conseguiram se isentar de irresponsabilidades. Agora temos evidências claras de negócios escusos da Fifa e notícias sobre a CBF que precisam ser averiguadas. Afinal, nos últimos 40 anos a CBF teve quatro presidentes e em um período tão grande de gestão. Acredito que vamos encontrar irregularidades – finalizou Bauer.

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Confira mais da entrevista com Paulo Bauer:

Como é trabalhar com o Romário?

Paulo Bauer – O Romário é um grande artilheiro e como tal ele sabe utilizar as boas oportunidades para fazer o gol. E até aqui essa CPI teve poucos momentos, mas todos valiosos e preciosos. E considero, pelas conversas que tenho mantido com ele, que ele está determinado a chegar a uma conclusão diferente nesta CPI.

E com isso investigar também a CBF?

Bauer – A partir da convicção de que o futebol é um patrimônio cultural do Brasil, temos que entender que uma instituição que promove o futebol, apesar de ser privada, não pode ser imune a todas as questões que o público brasileiro quer ver esclarecidas e respeitadas em termos de ética, responsabilidade e transparência.

A bancada da bola já faz pressão?

Bauer – Nunca ouvi falar nesse período de trabalho de qualquer contato da chamada Bancada da Bola. Até agora nenhuma ação, pelo o que sei, quer evitar o avanço do trabalho da CPI. A bancada existiu muito na CPI da Nike/CBF (na Câmara dos Deputados em 2001) e ela foi muito atuante”

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E a quebra de sigilo de Marco Polo Del Nero?

Bauer – Nós senadores entendemos ser natural que um dirigente possa mostrar seus números e contas bancárias. Se ele tiver algo que não possa mostrar é porque a origem de seus recursos merecem questionamentos. Quem não deve não teme. Acredito que ninguém vai se ofender por ter seu sigilo bancário quebrado”