Volta e meia o assunto “fechamento do Presídio do Matadouro” volta à tona. Na quarta-feira à noite, uma assembleia da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), maior defensora da ação, discutiu novamente o assunto. À tarde, os vereadores da Comissão de Segurança foram visitar a unidade, que fica no Bairro Nossa Senhora das Graças, para conhecer a realidade do espaço. O objetivo é pressionar o governo para que se construa um novo prédio que possa abrigar os detentos e que, então, o Matadouro seja desativado.
Continua depois da publicidade
A visita começou pouco depois das 15h e parte dela foi acompanhada pela imprensa. Os parlamentares passaram pelas duas salas onde as internas trabalham fazendo lingeries e roupas de praia, deram uma volta por cima da unidade e desceram até a cozinha. Depois disso, já sem as equipes de reportagem, eles visitaram os corredores onde ficam as celas, mas não tiveram contato com os presos. Todos os detentos ficaram de costas para a parede quando os visitantes passaram pelas celas. Segundo os vereadores, um procedimento considerado normal pelo comando da unidade.
– Disciplinarmente, isso aqui mudou muito. Comparando com a realidade de 10 anos atrás, isso aqui está espetacular. Por isso, desativar a unidade hoje, sem ter para onde enviar os presos, é uma insanidade – declarou o vereador Carlos Ely (PPS).
O gerente da unidade, Hilberto Antônio Vieira Júnior, diz que não vê motivos também para o fechamento do presídio. Segundo ele, a unidade recebe um número aceitável de presos – tem capacidade para 190 e hoje tem 250.
Continua depois da publicidade
– Faz mais de um ano e meio que não registramos nenhum caso de indisciplina ou tentativa de fuga. Eu sou funcionário de carreira e, se fecharem aqui, eu vou para outro lugar. Mas os presos hoje não têm para onde ir, é preciso construir uma nova unidade para desativar essa – declara.
Ampliação da Canhanduba pode ser uma solução
Uma das opções para absorver a demanda do Presídio do Matadouro é a ampliação da Complexo da Canhanduba. Há um projeto do Governo do Estado que prevê aumento de 324 vagas no local, número suficiente para que todos os detentos do Matadouro sejam transferidos. Para o vereador Thiago Morastoni (PT), vice-presidente da Comissão de Segurança, a realidade do presídio permite que ele continue sendo usado até a construção de uma nova unidade, mas isso não pode ser motivo para uma possível demora na resolução do problema.
– Quando estudante, eu estive algumas vezes no Presídio do Matadouro e presenciei detentos usando drogas. Hoje, a disciplina é exemplar e ajuda muito na ressocialização – defende.
Continua depois da publicidade
A unidade tem hoje vaga para 86 internos trabalharem e esse número deve aumentar em breve. As mulheres trabalham na fabricação de peças íntimas, moda praia e pijamas. Os homens são responsáveis pela confecção de redes esportivas e, em breve, começarão a montar caixas de joias. Se atingem as metas, chegam a ganhar um salário mínimo por mês, repassado diretamente para as famílias (25% fica para a administração).
– Tenho certeza que com eles trabalhando, a reincidência no crime diminui consideravelmente.