Milhares de venezuelanos aguardaram até nove horas nesta quinta-feira para poder ver pela última vez o rosto do presidente Hugo Chávez na capela ardente instalada na Academia Militar de Caracas, enquanto o país começa a se perguntar sobre seu futuro político diante da perspectiva de novas eleições.

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A capela ardente do presidente, falecido na terça-feira, esteve aberta de forma ininterrupta durante toda a noite, para que seus partidários, provenientes principalmente dos bairros populares de Caracas, pudessem vê-lo.

Durante quase toda a noite, chegaram ônibus com simpatizantes de Chávez vestidos de vermelho. Os visitantes tinham que deixar na entrada seus telefones celulares e era proibido tirar fotografias.

– Seu rosto era normal, estava bem apresentado – explicou Hibo Parra, de 50 anos, que precisou esperar nove horas para ver um líder que não foi visto nos últimos meses de sua doença.

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A televisão oficial mostrou imagens do caixão semidescoberto, sem divulgar diretamente na tela o rosto do presidente, falecido na terça-feira aos 58 anos por um câncer.

– Muito impressionado ao vê-lo, me vieram todas as recordações do que fizemos juntos ao longo de 14 anos graças a ele – explicou Chanel Arroyo, de 34 anos, motorista.

Nas próximas horas são esperadas as chegadas da presidente Dilma Rousseff, do líder iraniano Mahmud Ahmadinejad, do mexicano Enrique Peña Nieto, do chileno Sebastián Piñera e do herdeiro da Coroa espanhola, o príncipe Felipe de Borbón, entre outros.

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Chávez será enterrado na sexta-feira. Seus seguidores exigem que repouse no Panteão Nacional, ao lado do herói da independência Simón Bolivar, mas o governo ainda não anunciou sua decisão.

Seus filhos, sua mãe e irmãos, o presidente interino, Nicolás Maduro, e o líder do Legislativo, Diosdado Cabello, também fizeram um minuto de silêncio diante do caixão, assim como o alto comando militar.

Maduro, que ocupava o cargo de vice-presidente desde a reeleição de Chávez, em outubro, assumiu a presidência amparado no artigo 233 da Constituição venezuelana, disse nesta quarta-feira a procuradora Cilia Flores.

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– No momento em que ele (Chávez) desaparece fisicamente, imediatamente e de forma automática entra em vigor o artigo 233, que estabelece que o vice-presidente seja encarregado e que em um prazo de 30 dias sejam convocadas novas eleições – disse Flores.

Embora o falecido presidente, reeleito pela terceira vez em outubro, não tenha podido tomar posse em 10 de janeiro, como estava previsto, o Supremo Tribunal considerou que seu governo do mandato 2007-2012 podia continuar em funções e, portanto, Maduro se manteve como vice-presidente. Por outro lado, o governo não informou até agora quando irão ocorrer as eleições, que, segundo o mesmo artigo 233 da Constituição, estabelece que “quando ocorrer a falta absoluta do Presidente eleito ou Presidenta eleita antes de tomar posse, será realizada uma nova eleição universal, direta e secreta dentro dos trinta dias consecutivos seguintes”.

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