Tirando a presidente Dilma, que há muito parece ter perdido o senso de realidade, as manifestações devem ter assustado os que ainda defendem de maneira emocional o atual projeto de poder e os que dele se beneficiam. No mínimo estão preocupados. A surrada alegação de que é golpe bate de frente com o inconformismo da população. Se democracia é a vontade do povo, sem intermediários, sem contaminação partidária, sem manipulação, eis o povo se manifestando. Não necessita interpretação, é recado direto, impossível se fazer de desentendido.
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Moradores de Rio do Sul, Timbó, Brusque e Gaspar também protestam
Se, porém, como das outras vezes, em que manifestações se resumiram em ir às ruas e depois voltar à rotina com a sensação de ter feito sua parte, o movimento perde vigor na medida em que os assustados se desassustam e também eles voltam à rotina de seus malfeitos. Foi assim em 2013.
Leia outras informações do colunista Valther Ostermann
Se quisermos que mudem, mudemos também nós. Inclua-se nisso tirar de nosso cotidiano a aceitação do jeitinho, o voto sem avaliação, o conformismo confortável, a admiração da esperteza, a burla às regras.
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Mais de 60 mil pessoas protestam contra a corrupção em Blumenau
Se o preço da liberdade é a eterna vigilância, o preço da democracia é a eterna atenção. As investigações do Ministério Público, da Polícia Federal e o funcionamento da Justiça necessitam acompanhamento para que se deem sob o rigoroso amparo das leis e não sejam prejudicadas e até esvaziadas pelos ainda poderosos que se sentem prejudicados. A vontade de um povo não deve ser resumida a um domingo nas ruas. Tem que ser estendida para ser entendida. Tem que ser todos os dias. Os assustados não podem se desassustar. Projeto de poder, nunca mais. Divisão da nação entre nós e eles também não. Somos um.