Na última quinta-feira, uma pesquisa divulgada pelo Instituto de Política Econômica e Aplicada (Ipea) revelou que 65% dos brasileiros acham que mulheres que usam roupas curtas merecem ser atacadas. Não demorou até que as timelines das redes sociais fossem inundadas com críticas e pedidos de respeito – mais do que merecidos, obviamente. Uma das que se manifestou foi a jornalista Nana Queiroz, de 28 anos, que convocou um protesto para que elas postassem fotos com a hashtag #EuNãoMereçoSerEstuprada, utilizada por milhares de mulheres – e homens também – para protestar contra a violência sexual.

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Quem também aderiu ao movimento foram as cantoras Valesca Popozuda e Daniela Mercury. Dona do hit Beijinho no Ombro, a funkeira postou uma foto em que aparece nua, segurando apenas um taco de beisebol. “De saia longa ou pelada, não mereço ser estuprada”, diz a mensagem. Já Daniela compartilhou um clique com a frase-tema da campanha.

Até a tarde desta segunda-feira, o movimento já havia acumulado quase 3 mil participações somente no Instagram. Mas o machismo e a culpabilização da mulher pelos atos de estupro, refletida nos indíces da pesquisa do Ipea, apareceu também contra as que aderiram à causa. Nana relatou ter sido ameaçada de violência sexual após divulgar a foto abaixo em seu Facebook – reclamação semelhante a de outras mulheres que entraram no movimento.

– O que importa é que nós, como mulheres, demonstremos como ninguém é dono do nosso corpo além de nós mesmas – escreveu.

A pesquisa

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Batizada de Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS), a pesquisa foi baseada em entrevistas com 3.810 pessoas, residentes em 212 municípios brasileiros no período entre maio e junho de 2013.

:: Leia a íntegra da pesquisa aqui

Os resultados causaram espanto entre os próprios pesquisadores, já que os participantes parecem concordar que a violência contra a mulher é uma forma de correção por ela ter usado roupas sensuais e “provocantes”, ou até não “ter se comportado como deveria”. 58% dos entrevistados concordam com a seguinte frase: se mulheres soubessem se comportar, haveria menos estupros.

Confira os resultados:

Violência no transporte público

Não são poucos – nem novos – os relatos de abusos sexuais em transportes públicos. No Rio de Janeiro e em Brasília, foram criados carros exclusivos para as mulheres no metrô no horário de pico. Mas, como é de se imaginar, nem sempre funciona.

Por aqui, a nova licitação para ônibus em Porto Alegre prevê que os coletivos tenham, no máximo, quatro passageiros por metro quadrado – hoje, a lei prevê que até seis pessoas ocupem o mesmo espaço.

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