Os passageiros do transporte público de Florianópolis se revoltaram com a paralisação parcial do serviço na manhã desta sexta-feira e trancaram por quase uma hora a entrada para todos os veículos no Terminal de Integração do Centro (Ticen), na Capital, até que a situação fosse normalizada.
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A paralisação surpresa foi feita por funcionários de três empresas da Grande Florianópolis, que impediram que os ônibus saíssem das garagens entre 4h30min e 8h. Os trabalhadores estão indignados com o desconto de três dias dos salários devido ao período em que ficaram em greve em junho deste ano.
Os ônibus da empresa Insular, que saem do Sul da Ilha de SC, e da Estrela, que tem linhas na área continental de Florianópolis, deveriam sair das garagens no começo da manhã, mas estavam parados devido ao impasse. Segundo Sebastião Antônio Duarte, inspetor das duas empresas que acompanha o movimento nas garagens, apenas dois dos 168 veículos cumpriram os itinerários durante este horário porque saíram antes que o caminho fosse fechado pelos funcionários.
Dados levantados num dia útil qualquer e repassados pela Secretaria Municipal de Transportes, Mobilidade e Terminais de Florianópolis, mostram que mais de 11 mil pessoas usam diariamente os ônibus das duas empresas entre as 4h30min e 8h, nos dois sentidos.
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A população usuária das linhas interrompidas se revoltou com a paralisação dos funcionários e fechou a entrada para veículos do terminal por volta das 7h10min, impedindo outros ônibus de entrarem no local. Segundo a Secretaria de Mobilidade Urbana de Florianópolis, após o fechamento do Ticen, nenhum coletivo de todas as empresas que circulam na Ilha conseguiu entrar e nem sair do local.
Com isso os passageiros tiveram que desembarcar na faixa esquerda da Avenida Gustavo Richard. Por volta das 8h20min, os passageiros se deslocaram para a própria Gustavo Richard e gritavam “fechar a ponte”. Pedro Rebello, funcionário de uma empresa de seguros, reclamava com um segurança do terminal:
– Trabalhei 12 horas seguidas e agora não consigo voltar para casa, o que eles estão pensando? – perguntava exaltado o homem.
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Ânimos acirrados
A situação da maioria dos ônibus foi normalizada por volta das 8h40min, mas um grupo de moradores do Sul da Ilha ainda trancava a passagem dos veículos na Plataforma B até as 9h10min, irritados com a demora de saída da linha Porto da Lagoa, da Insular.
Segundo um dos passageiros, após o fim da paralisação foram enviados ônibus extra para as linhas atrasadas, mas eles ainda tiveram que aguardar o transporte por mais meia hora. Quando o ônibus deixou o Ticen para cumprir o itinerário, os usuários aplaudiram de dentro do veículo e acenaram para os que aguardavam dentro do terminal.
Na plataforma A, usuários também estavam com os ânimos acirrados e reclamavam com quaisquer funcionários do transporte que encontravam pela frente. João dos Santos, cobrador da Transol, guardava uma das entradas da plataforma e tentava repassar as informações que chegavam aos passageiros, mas não conseguia falar por muito tempo sem que alguém o interrompesse.
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– O pessoal não entende que o problema é lá na garagem, a informação não chega pra mim instantaneamente. Tem gente querendo jogar pedra em ônibus, eu quase apanhei. Ficam gritando “Vocês são os culpados”, mas não sei o que está acontecendo.
Motoristas e cobradores paralisaram as atividades nos dias 10 e 11 de junho em Florianópolis. Mesmo com o fim da paralisação a categoria continuou em estado de greve. No dia 4 de julho, as atividades em Florianópolis foram paralisadas por duas horas. No dia 5 de julho também houve paralisação.
Desconto de três dias
A paralisação relâmpago desta sexta-feira foi causada por um impasse entre o sindicato dos trabalhadores e as empresas de transporte público da Capital. Os funcionários afirmam que o desconto no salário dos três dias em que os ônibus não circularam é ilegal, pois contraria o direito à greve.
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O presidente do Setuf, Waldir Gomes, explica que a Justiça do Trabalho determinou o pagamento destes três dias, mas o prazo para que as empresas recorressem da decisão era esta sexta-feira, dia 26. Gomes não soube informar se as empresas pretendem entrar com recurso, e até as 11h45, não foi possível entrar em contato com as empresas Insular e Estrela.