Gean Loureiro (PMDB) era presidente da Câmara de Vereadores em janeiro de 2009, quando o então prefeito Dário Berger (PMDB) convocou extraordinariamente o Legislativo para votar um pacotão de projetos – entre eles, uma reforma administrativa e mudanças na previdência municipal. Eleito prefeito, o peemedebista ampliou o instrumento utilizado pelo aliado e criou um fato político-administrativo que indica como serão os próximos quatro anos de mandato.
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Gean Loureiro usa experiência no legislativo para aprovar pacotão de projetos
Uma legislatura inteira em 12 dias poderia ser o slogan deste polêmico janeiro político de Florianópolis. Gean apostou que poderiam fundar sua base aliada e tirar do papel projetos estruturais antes mesmo do fim do recesso. Ao núcleo duro da oposição — Pedrão (PP), Lino Peres (PT), Afrânio Boppré (PSOL), Marquito (PSOL) e Renato Geske (PSOL — restou usar e abusar do regimento para retardar as votações e discursar sobre a ilegitimidade da análise às pressas de tantos projetos. Pedrão chegou a ficar em silêncio na tribuna por dois minutos em uma sessão apenas para gastar o tempo. Do lado de fora da Câmara, o barulho vinha por conta de sindicatos, servidores e simpatizantes. Era o script de 2009, com Gui Pereira (PR) atual presidente, no lugar de Gean, e o vereador pepista fazendo as vezes do hoje deputado estadual João Amin (PP).
Gean Loureiro sabia o que ia enfrentar e sabia com quem contar. Ao contrário de Berger, articulou para que houvesse uma semana de sessões, em vez de apenas dois dias. Assim, as manobras protelatórias parlamentares e a pressão dos servidores teriam menos chance de inviabilizar os trabalhos. Na quarta-feira, já sem os sindicalistas por perto, situação e oposição acomodaram-se ao teatro legislativo de questões de ordem, apartes, declarações de votos e todo o simulacro de discussão sobre o que já estava decidido de antemão.
O prefeito peemedebista deixou claro que controla a Câmara e sua base. Ao contrário do antecessor Cesar Souza Junior (PSD), aplicou logo de cara o ¿está comigo ou não está¿. Simbolicamente, o ex-fiel aliado PDT do vereador Vanderlei Farias, o Lela, deve servir de exemplo. O partido rejeitou o corte de benefícios aos servidores, Lela deixou o cargo de secretário de Cultura e votou contra o governo. Gean já escolhe um novo secretário fora dos quadros do partido. O tucano Maikon Costa, outro que votou contra a proposta, está de sobreaviso e terá que se esforçar para provar lealdade.
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