A política catarinense sobreviveu à primeira delação premiada de executivos da Odebrecht. No relato do ex-diretor de Relações Institucionais da empresa, Claudio Melo Filho, não há menções a parlamentares do Estado e nem integrantes do governo estadual. Santa Catarina surge apenas, nas entrelinhas, como prejudicada pela atuação da Odebrecht em favor da unificação do ICMS de importação, que desmontou a política de fortes incentivos fiscais para utilização dos portos catarinenses implantada no governo de Luiz Henrique da Silveira e mantida por Raimundo Colombo.
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O empenho teria se configurado em R$ 4 milhões de propina para Romero Jucá (PMDB-RR), na época líder do governo Dilma Rousseff (PT) no Senado. O prejuízo ao Estado era estimado em R$ 1 bilhão por ano, mas Colombo fez desse melão uma limonada ao viabilizar como compensação do Palácio do Planalto os empréstimos que hoje conhecemos por Pacto por Santa Catarina.
Claudio Melo Filho é só o primeiro round de uma longa sequência de delações da Odebrecht. Ao todo, serão 77 executivos da companhia, incluindo o ex-presidente Marcelo Odebrecht. Em março, a política brasileira ficou em suspenso com o vazamento das planilhas com nomes de políticos e valores que teriam sido destinados. Colombo, codinome Ovo, teria sido o destinatário de R$ 4,8 milhões – que ele nega ter recebido. Nos próximos 76 relatos deve surgir a explicação para o nome do governador na planilha apreendida. No documento que vazou na sexta-feira não consta o nome do catarinense, mas o suposto codinome está lá na página 75: ¿OVO – O responsável pela pessoa é Alexandre Barradas, conforme consta em campo específico da planilha¿.
Barradas era diretor da Odebrecht Ambiental, braço da companhia responsável pelas operações de águas e saneamento básico. Era notório o interesse da empresa na compra da Casan. Por sorte ou por juízo, Colombo não vendeu a empresa mesmo após ter aprovado na Assembleia Legislativa, ainda em 2011, autorização para privatizar até 49% das ações da estatal.
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