Cinco viaturas da Guarda Municipal, uma van e um caminhão da prefeitura de Florianópolis estiveram em Canasvieiras no final da tarde desta terça-feira (20). A equipe fazia uma operação contra o comércio ilegal pelas ruas e calçadas do bairro. A fiscalização aconteceu uma dia depois de uma grande confusão entre lojistas e imigrantes senegaleses, quando um africano ficou ferido.
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Apesar do grande aparato, apenas uma arara de roupas foi apreendida. E não era de um senegalês. Os comerciantes reclamaram que os agentes apareceram em um dia de chuva, quando os imigrantes não colocam seus produtos nas calçadas. Neste fim de tarde, muitos aproveitaram para jogar futebol num campinho ali próximo.
Conforme a secretária de Segurança Pública de Florianópolis e chefe da Guarda Municipal, Maryanne Mattos, foi acordado com os próprios comerciantes, antes da confusão protagonizada na segunda-feira, que os agentes fariam essa fiscalização a partir desta terça.
A comandante explicou que a Guarda Municipal reduziu o efetivo em Canasvieiras após o fim da temporada, mas que os lojistas solicitaram que os agentes continuassem no bairro, como no verão. Maryanne informou que o pedido será atendido pelo menos nas próximas duas semanas, quando teremos dois feriadões, o do aniversário de Florianópolis (23) e da Sexta-Feira Santa (30). Nesse mesmo período, conforme foi acordado, a Polícia Militar fará rondas no turno da noite.
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Na segunda, comerciantes protestaram contra a presença de vendedores irregulares no bairro, quase todos senegaleses. Houve empura-empurra, hostilidade e muitos xingamentos. Os africanos reclamaram de falta de oportunidades no mercado formal e de discriminação racial, tanto por parte dos lojistas quanto das autoridades. Sobre isso, Maryanne Mattos discorda:
— A Guarda Municipal não olha nacionalidade para fazer fiscalização. Ela olha se o produto tem alvará e se não é pirateado, se é descaminho, se não tem nota. A gente faz a fiscalização do comércio, só que a grande maioria é de imigrantes.
A comandante disse que a Guarda está realizando uma ação em conjunto com a Secretaria de Estado da Segurança Pública para investigar a origem dos produtos vendidos pelos imigrantes e confessa que, mesmo com toda a fiscalização da temporada, não foi possível evitar este comércio ilegal.
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Em dezembro do ano passado, 140 senegaleses moradores de Santa Catarina tiveram o pedido do visto de residência permanente no Brasil aceito pelo Comitê Nacional de Imigração. O pedido foi feito pela Defensoria Pública da União (DPU) em Santa Catarina, depois que os imigrantes procuraram o órgão federal.
Entidade empresarial cobra investigação
A Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (Acif) encaminhou nota à imprensa onde afirma acompanhar com preocupação os fatos ocorridos em Canasvieiras. “Infelizmente, as cenas de tensão registradas são o desfecho evidente de um problema que se arrasta há meses e demonstram que é hora de as autoridades tomarem medidas adequadas à complexidade do assunto”, cobrou a entidade.