Quando precisa pegar ônibus para sair da Costa de Dentro, no extremo sul da Ilha, dona Olga Scheeffer, de 74 anos, enfrenta o sol no rosto ou então a chuva. Há um ano, ela espera a colocação de um abrigo novo. No dia 4 de dezembro de 2016, um ciclone subtropical atingiu diversos bairros de Florianópolis. Além das paradas de ônibus, outros problemas dessa época continuam sem solução.

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Dezenas de árvores gigantes que caíram com o vento e deixaram os moradores da Costa de Dentro isolados ainda estão lá. Elas foram colocadas às margens da estrada Rosália Paulina Ferreira pelos moradores, que até hoje aguardam a retirada dos entulhos. Dona Olga lembra com pavor do fenômeno natural.

_ Foram momentos de pânico. Parecia o fim do mundo. Uma árvore deixou meus netos e minha nora trancados dentro de casa. Ficamos uma semana sem luz. Um vizinho nosso precisou usar uma patrola pra limpar a área.

No Matadeiro, a mesma coisa

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Além dos problemas causados pela maré alta, a praia do Matadeiro ainda tem árvores caídas da época do ciclone. Uma das situações mais delicadas é de vegetação apoiada em um poste de luz. O presidente da associação de moradores da comunidade, Ezinar Rodrigues, cobra das autoridades uma solução.

— Esta árvore tem alguns galhos sobre a rede elétrica de alta tensão e, segundo os técnicos da Celesc, os galhos que ficaram sobre a rede deveriam obrigatoriamente ser retirados _ reclama o morador enquanto aponta para o poste.

— Um ano se passou e até agora continuam no mesmo lugar.

Na Armação, outro ponto de ônibus levado pelo vendaval ainda não teve o abrigo recolocado. É a parada ao lado da Igreja Santana, na Rua Antônio Borges dos Santos. Não há sequer um aviso de que os ônibus param ali, num dos principais destinos turísticos do sul da Ilha.

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Leste da Ilha

No leste da Ilha, também há problemas que não foram solucionados. Abrigos de ônibus danificados na época ainda não foram recolocados, assim como postes de energia elétrica. Na Servidão Heleodoro João Florindo, na comunidade da Fortaleza da Barra, um posto que “entortou” com o ciclone e chegou a fica atravessado na via foi levantado e apoiado em uma frágil estrutura de madeira, com os ferros à mostra.

O que dizem as autoridades

Chefe da divisão técnica de Florianópolis da Celesc, o engenheiro Adriano Luz foi uma das pessoas que mais trabalhou durante os dias posteriores ao ciclone. Diz que não gosta de lembrar dessa época. O profissional, no entanto, garante que todas as demandas sobre postes da companhia já foram resolvidas. Sobre o Matadeiro, ele afirma que o problema deve ser por conta da maré alta.

— Aquela névoa salina atacou bastante as praias, e ali no Matadeiro a gente programou um desligamento, trocamos todos os geradores e não tem mais nada pendente. Aquilo lá deve ser por efeito da ressaca e não do evento ciclone.

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Com relação à vegetação, a Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis (Floram) informou à reportagem na última sexta-feira que “todas as árvores que estiverem em via pública nos referidos bairros serão retiradas pela Floram na próxima semana”.

Já sobre os abrigos dos pontos de ônibus, o secretário de Transporte e Mobilidade Urbana da Capital, Marcelo Silva, respondeu que a prefeitura está aguardando um repasse da Defesa Civil Nacional no valor de R$ 750 mil. “Com esse recurso, vai ser possível a recolocação de 95 abrigos que foram danificados ou destruídos pelo vendaval”.

Relembre

O ciclone subtropical, com fortes chuvas e ventos de até 118 km/h, registrado na madrugada de 4 de dezembro de 2016, causou estragos e destruição em muitos bairros da Grande Florianópolis. Mais de cem pessoas ficaram desalojadas e 260 mil domicílios foram afetados pela falta de luz. Significa que um terço da cidade de Florianópolis ficou sem energia.

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O presidente da Celesc chegou a dizer que há dez anos a empresa não via um fenômeno dessa proporção na região de Florianópolis. Na época, a Defesa Civil informou que 125 residências foram afetadas por deslizamentos e quedas de árvore. Pelo menos 30 casas sofreram destelhamento, e diversas vias na Capital, especialmente no sul da Ilha, foram obstruídas por árvores, postes e fiação. O vento destelhou até parte do estádio da Ressacada.

Onde cobrar

A Celesc atende pelo 0800 48 012, em horário comercial, e pelo 0800 48 0196 em caso de emergência. A Floram atende pelo (48) 3251-6500, de segunda a sexta, das 13h às 19h. Já a Defesa Civil municipal atende de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, pelo (48) 3224-0527.