Após 13 anos no ar, a última temporada de A Grande Família começa nesta quinta, na RBSTV, às 22h30min. E vem com uma ameaça ao bem-estar do lar dos Silva e dos Carrara. A aventura de Nenê (Marieta Severo) e Lineu (Marco Nanini), que navegam a bordo do barco construído pelo ex-fiscal, está custando caro à família. Tomada por sujeira e bagunça, a casa reflete o descuido que Bebel (Guta Stresser) e Agostinho (Pedro Cardoso), tiveram na ausência dos patriarcas.

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:: Emoção toma conta do elenco na apresentação da última temporada

Leia depoimento do roteirista gaúcho Max Malmann sobre a emoção da equipe ao encerrar o ciclo d’A Grande Família.

A família e eu

17 de março. Na sala dos atores, Marco Nanini mostra sua cópia do roteiro, toda sublinhada com caneta pilot, ao diretor Luís Felipe Sá, para discutir os tons e nuances do Lineu naquele episódio. Acompanho de longe, enquanto devoro os sanduichinhos do bufê. De vez em quando, até dou palpites. Meu nome está na capa do roteiro, e tem estado desde 2005. Nove anos. E, ainda assim, me considero novato.

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“A Grande Família” chegou em preto e branco às tevês brasileiras em 26 de outubro de 1972, escrita por Max Nunes, Oduvaldo Viana Filho, Armando Costa e Paulo Pontes, dirigida por Milton Gonçalves e, mais tarde, por Paulo Afonso Grisolli. Era adaptada de um seriado americano chamado All in the Family, o qual, por sua vez, foi adaptado do seriado britânico Till Death Us Do Part. Com 112 episódios, foi ao ar até março de 1975. Jorge Dória era Lineu, Eloísa Mafalda era Nenê.

Em 1987, foi exibido um episódio especial de Natal, escrito por Marcílio Moraes, mostrando o que havia acontecido com os personagens nos doze anos anteriores. Nesse episódio, Bebel (vivida por Cristina Nunes, filha de Max Nunes) estava separada de Agostinho e encontrava um novo amor, o qual, por uma estranha coincidência, era interpretado por Pedro Cardoso, que anos mais tarde, na nova versão do seriado, se tornaria célebre como Agostinho Carrara.

Passou algum tempo, mudou o milênio e, em 29 de março de 2001, estreou o remake de “A Grande Família” concebido por Guel Arraes e escrito por Cláudio Paiva, Bernardo Guilherme, Marcelo Gonçalves e Adriana Falcão. A direção geral coube, na primeira temporada, a Mauro Mendonça Filho, que foi substituído por Maurício Farias e, mais tarde, por Luís Felipe Sá. Mauro Wilson é, atualmente, o redator final.

Entro no estúdio durante um pequeno intervalo nas gravações. A diretora Olívia Guimarães pede silêncio. A família está em volta da mesa. Olívia dá as últimas instruções, corrigindo milimetricamente uma marca ou outra, e manda gravar. De repente, no estúdio, não existe estúdio. Não existem atores. Existe a família Silva e seus agregados, vivendo suas questões. Lineu, Nenê, Agostinho, Bebel, Tuco, Floriano, Paulão… Eles estão vivos, tanto ou mais do que eu ou você.

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Anoitece. Vamos todos para a entrevista coletiva que anunciará esta temporada, a décima quarta, como a última do seriado. O episódio final será o de número 489.

Há mais sanduichinhos e outras guloseimas para os repórteres, além de sucos em jarras com formato de abacaxi. Guel, Felipe, Mauro, Adriana, Guta, Marieta, Nanini, Evandro, Tonico, Pedro e Marcos começam um bate papo que leva os jornalistas, e até alguns dos autores, a verterem algumas lágrimas. A Grande Família vai acabar.

Ao final, posamos todos para uma última foto. Atores, diretores e autores. A família é grande. Sempre vai ser.

Max Malmann