Prefeito de Joinville há dois anos, Udo Döhler chega à metade do seu mandato feliz pelos resultados conquistados.
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Mesmo enfrentando algumas crises durante esse período, como a greve dos servidores públicos neste ano, o que lhe exigiu uma boa dose de paciência para negociar um acordo, o prefeito não baixou a guarda. Manteve suas convicções em favor da população joinvilense.
Aliás, é apenas com o população que o prefeito diz ter compromisso. Udo avalia dois anos de gestão e é avaliado Nesta sexta-feira, Udo recebeu a reportagem do jornal ‘A Notícia’, em seu gabinete, na Prefeitura, para fazer uma avaliação dos dois primeiros anos de governo. Bem–humorado, ele logo foi alertando:
_ Hoje não estou aqui para desabafar, mas para falar de coisas boas.
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A declaração tinha uma origem. Em maio deste ano, em entrevista ao colunista Claudio Loetz, Udo manifestou que estava surpreso com a dificuldade de governar a cidade e os desvios de conduta que precisava enfrentar pelo caminho.
Passados sete meses, o prefeito tem outra perspectiva. Aos poucos, ele aparou as arestas e agora vislumbra um cenário mais animador para 2015 e 2016.
Nesta entrevista, Udo avalia questões pertinentes para a cidade, como a pavimentação de ruas, o atendimento na área da saúde, a volta da cobrança na zona azul, o crescimento econômico e o aumento da tarifa de ônibus. Também comenta sobre a arrecadação do município, a perda da liderança do PIB no Estado e uma possível reeleição.
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Temas que, por vezes, o tiram do sério e o fazem erguer o tom da voz. Em seu gabinete com vista para o rio Cachoeira, Udo mantém sobre a mesa principal o livro ‘O Mito do Governo Grátis’, de Paulo Rabello de Castro, obra que propõe uma reflexão sobre a distribuição de vantagens e ganhos no meio político.
Aos 72 anos, Udo mantém uma rotina puxada, mas não reclama da vida. Consegue estar perto da família e faz exercícios físicos periódicos _ no mínimo, três vezes por semana _, o que lhe garante muita saúde e disposição. Ele também não abre mão de reservar algumas horas da semana para descansar em um refúgio particular. Talvez esteja lá o segredo da jovialidade para administrar com desenvoltura a maior cidade do Estado.
O perfil administrativo
Principais realizações em 2014
– Este ano ficou dentro das nossas expectativas. Dois mil e treze foi um ano de ajustes. Saímos de uma plataforma analógica para uma digital sem informações e, dessa forma, não tem como saber o que se passa no município. Trocamos as secretarias regionais por subprefeituras, levamos um ano inteiro para entender como aquilo deveria funcionar, reduzimos os cargos comissionados (eram sete agora são três em cada subprefeitura). Tivemos de fazer a higienização do espaço físico. Por isso, neste ano, avançamos em uma velocidade maior. Por exemplo: os 80 quilômetros de tubos que nós colocamos na rede de esgoto foram essencialmente em 2014.
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Se chegássemos à metade da meta, já estaria de bom tamanho, mas nós alcançamos. Dobramos a rede de esgoto. Foi o grande investimento nos dois anos de governo. Além disso, aumentamos a vazão da adutora do Piraí para a zona Sul em 30% e isso resolveu a falta de água na região. Mais do que isso: Salvou Araquari. Não fosse a Adutora do Piraí, Araquari estaria com a situação idêntica aos dos reservatórios de São Paulo.
Comércio de rua
– O comércio de rua é importante e precisamos dar vida ao Centro da cidade, senão ela serve apenas para os traficantes e desordeiros. O comércio de rua será estimulado a pensar em espaços vazios que possam ser usados como estacionamento. Essa é a solução. Agora, colocar zona azul em tudo, certamente vai parar o Centro da cidade.
Reforma nas escolas
– Na educação, todas as escolas foram reformadas. Em 2015, todas terão ar-condicionado no reinício das aulas. O planejamento era para dotar as escolas municipais com ar-condicionado em dois anos e meio. Mas tivemos de fazer um levantamento para ver as redes elétricas, dimensionar a capacidade dos equipamentos e isso não me agradou. Invertemos o processo.
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Fizemos um levantamento de todas as unidades e, por amostragens, dimensionamos o tamanho de cada ar-condicionado, licitamos e compramos 1.500 aparelhos. Isso nos permitiu cobrar da Celesc uma solução para a falta de carga apropriada em algumas escolas e para permitir o funcionamento dos equipamentos. A Celesc trabalha para deixar tudo pronto até a volta às aulas. Outra novidade é que no ano que vem daremos tablets para os alunos das 6ª e da 7ª séries. Joinville é referência na educação e muito desse reconhecimento se deve ao trabalho do ex-secretário Sylvio Sniecikovski. Hoje, dos dez professores nota dez no País, dois são de Joinville e um deles é o melhor do Brasil.
Temos um corpo docente excepcional e isso herdamos essencialmente do professor Sylvio. O Roque Mattei (atual secretário de educação) também tem uma forma de atuação muito parecida à do professor Sylvio. Temos muito o que festejar.
Greve
– Não consigo entender a motivação da greve dos servidores deste ano. A primeira greve, em 2013, até que dá para entender porque ao assumir não conseguimos pagar os salários, mas, neste ano, o professor teve um reajuste superior ao dobro do INPC, entre 12% e 16%. Não importa de que forma ele foi pago, se foi via vale-alimentação, o importante para o professor é ter dinheiro no bolso.
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O vale-alimentação foi uma saída boa porque não nos obriga a repassar recursos para o governo central, pois não tem imposto direto. Então, o salário do professor aumentou e o sindicato não diz isso com tanta clareza ao professor, o que é muito ruim. É importante que permitiu recompor o que nos últimos anos não pode ser feito.
Saúde
– A saúde é um espaço sem fundo. O Hospital São José foi ampliado com a oferta de mais 47 eleitos, o que na prática não resolveu muito. Os municípios no entorno de Joinville terão de construir seus próprios hospitais. Acho que o governo do Estado terá de investir forte em outro programa.
Não faz sentido levar pacientes para o São José. Alta complexidade é função do Estado. Cabe ao município fornecer atendimento básico, embora saibamos que o Hospital Regional está sendo reformado. De nada adianta prometer que vamos construir novos hospitais. Não nos faltam postos de saúde. Temos 56 unidades de saúde e estamos entregando mais seis.
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Pavimentação
– Nestes dois anos de governo, se tivéssemos optado pelo modelo clássico de gestão, poderíamos ter pavimentado 140 quilômetros de ruas em Joinville. Mas tivemos de usar esse dinheiro em outras áreas prioritárias, como a saúde, a educação e o saneamento. Foram R$ 140 milhões que não pudemos usar.
É claro que a lama e o pó incomodam a população, mas sair asfaltando adoidadamente para cair nos braços da população, vendo a saúde, a educação e a segurança comprometidas, não é a minha maneira de governar. Fizemos pavimentações importantes, sim, como da rua Tuiuti, do binário do Vila Nova, da Albano Schmidt, da Rui Barbosa, da Minas Gerais, da Guaíra, entre outras. Vamos começar agora a pavimentação da Tenente Antônio João e, em seguida, vêm as ruas Piratuba e Waldomiro José Borges, além de outras 82 ou 83 que terão recursos do Fundam no começo do ano.
Santos Dumont
– A Santos Dumont não é a única rua de Joinville, temos outras ruas importantes aqui também. O que aconteceu nela é que a empreiteira contratada parou a obra. Pediu um aditivo para continuar. Nós conseguimos e hoje (sexta-feira), o BNDES deve liberar os recursos. Em janeiro, a obra recomeça e aquele trecho vai andar.
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Licitação de projetos
– Não se pode licitar uma obra se não existem recursos assegurados. A licitação da obra dos corredores de ônibus demorou por isso. Ela estava parada, não havia recursos. Agora, temos R$ 2 bilhões para aplicar em saneamento básico que virão do Ministério das Cidades – a primeira parte, R$ 1 bilhão. Acontece que o ministro Joaquim Levy (da Fazenda) começou a trabalhar com a tesoura. Acho que ele vai sair no mercado e comprar outras tesouras para fazer cortes. Talvez venha para nós R$ 500 milhões.
Mobilidade urbana
– A questão da mobilidade urbana é prioridade. Já temos o plano municipal de mobilidade pronto e os “feiticeiros” estão desapontados porque contratamos a Embarq, uma ONGs bastante conceituada no mundo no assunto. Os grandes especialistas vieram para cá e disseram o que nós já sabíamos: via pública não serve de estacionamento para automóveis. Eles devem ser guardados em espaços fora da via pública. É como um aeroporto. A pista existe para o avião pousar e decolar. Há um pátio de estacionamento.
Zona Azul
– Isso não significa que vamos acabar com a zona azul ou que vamos instalar radares. Isso precisa ser visto com cuidado. Zona azul e radares não podem ser vistos como instrumentos para melhorar a receita do município e se não for feito com cuidado enseja forte desvio de conduta. Ela está sendo examinada com todo o critério e não faz sentido ter cobrança em uma via de tráfego intenso. O que eu posso dizer é que a zona azul vai voltar, mas do tamanho que ela merece, sem que prejudique o fluxo de trânsito.
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