A Turquia anunciou nesta quinta-feira a captura de um agente da inteligência de um país membro da coalizão anti-jihadista, liderada pelos Estados Unidos, por ajudar as três adolescentes britânicas a chegar à Síria para se unir ao grupo Estado Islâmico (EI), depois de deixar Londres em fevereiro rumo a Istambul.

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– Sabem quem ajudou essas meninas? Ele foi capturado. Estava trabalhando para o serviço de inteligência de um país da coalizão – afirmou o ministro turco das Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, em entrevista ao canal A-Haber, publicada pela agência oficial Anatolia.

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Uma autoridade do governo turco explicou à AFP que o agente foi detido há dez dias.

– Já informamos todos os países envolvidos – declarou.

Cavusoglu disse que não se trata nem de um europeu nem de um americano, mas destacou que trabalha para a inteligência de um país que faz parte da coalizão. Ele acrescentou que já informou seu colega britânico, Philip Hammond, sem dar mais detalhes.

Adolescentes britânicas fugiram em fevereiro

Em 17 de fevereiro as três colegas de escola, Shamima Begum e Amira Abase, ambas de 15 anos e Kadiza Sultana, de 16 anos, viajaram sozinhas de Londres a Istambul e depois para a Síria, sem que ninguém as impedisse, com a intenção de se casar com integrantes do Estado Islâmico.

Em Istambul, elas pegaram um ônibus para a cidade de Sanliurfa (sudeste), onde cruzaram a fronteira. O desaparecimento das jovens chocou a Grã Bretanha e provocou muitos questionamentos sobre as motivações que levam tantos jovens a viajar para a Síria. A Turquia expressou diversas vezes sua irritação com as repetidas críticas do Ocidente, e garante que o caso das meninas britânicas mostra a necessidade de uma maior colaboração.

_ A Turquia é sempre o bode expiatório, mas este caso tem mostrado que é necessária uma maior cooperação no combate ao Daesh (acrônimo em árabe de EI)_ declarou o chefe do governo turco, acrescentando que a segurança regional não pode ser carregada nos ombros pela Turquia.

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Ancara teve até agora um papel limitado na coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, que bombardeia posições jihadistas no Iraque e na Síria, por causa de suas divergências com Washington, que rejeita enfrentar Bashar al-Assad e prefere se concentrar exclusivamente em atingir o EI.

O resultado destas diferenças é a recusa da Turquia de permitir que a coalizão utilize a sua base aérea Incirlik. Cavusoglu afirmou nesta quinta-feira que Ancara reavaliaria todas as suas opções, incluindo a abertura de Incirlik, em favor de uma estratégia global.

* AFP