Se de um lado a constante alta do dólar nos últimos meses dificulta a vida de quem quer viajar para o exterior, por outro traz um reflexo positivo para o turismo do Litoral Norte catarinense. Com o acesso a viagens internacionais dificultado, a busca por roteiros nacionais aumentou no período de férias escolares e foi um dos fatores favoráveis para que o movimento em julho fosse comemorado em Balneário Camboriú.
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A presidente do Balneário Camboriú Convention & Visitors Bureau, Margot Rosenbrock Libório, estima uma taxa de ocupação de 70% na rede hoteleira da cidade no mês que passou, um saldo positivo em se tratando de um período considerado de baixa temporada.
Margot reforça que em virtude da Copa do Mundo o mercado ficou inflacionado no mesmo período de 2014, com passagens aéreas mais caras e maior concorrência com as cidades que receberam os jogos. Para ela, isso gerou uma demanda reprimida que estourou neste ano.
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– A questão do dólar impacta em todo o turismo nacional, porque as pessoas estão buscando roteiros nacionais. Nós sempre tivemos movimento de turistas do Sul do país neste período, mas percebemos que através da internet pessoas do Brasil inteiro estão procurando Balneário Camboriú – diz Margot.
Ainda segundo ela, muitos turistas que vêm à cidade aproveitam para visitar diferentes destinos do Estado, como o Parque Beto Carrero World e a Serra Catarinense. Com tarifas promocionais que oferecem até 50% de desconto, o setor hoteleiro de Balneário Camboriú é um dos atrativos para que a cidade entre no roteiro de férias de muitas famílias.
O casal Alexandre e Carmen Campeol, de Farroupilha (RS), é um exemplo. Aproveitando as férias dos dois filhos, eles escolheram Balneário Camboriú para passar oito dias. Tiveram sorte. Com altas temperaturas, os gaúchos puderam curtir a praia durante a estadia.
– Nós sempre visitamos a cidade no verão e agora, pela primeira vez, viemos em julho – conta Alexandre.
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Quem também já está acostumada a visitar Balneário Camboriú é a turista Silliana Trevisan, que tem um apartamento na cidade. Mesmo morando nos Estados Unidos há 30 anos, ela não abre mão de passar alguns dias no Litoral catarinense. Com a alta do dólar, ela ganhou um motivo a mais.
– Para nós que estamos nos Estados Unidos, o dólar em alta é ótimo para vir ao Brasil passear e até para investir aqui.
Promoções, parcelamento e roteiro reduzido
Para quem não desistiu de viajar para o exterior, reduzir os dias de viagem ou a programação é uma das alternativas. É o que vai fazer a servidora Isabela Pereira dos Santos, de 30 anos. Ela e o marido vão conhecer Orlando, nos Estados Unidos. Como a viagem não pode mais ser adiada, algumas atrações já foram cortadas do passeio. A apresentação do Cirque Du Soleil, que custa pelo menos US$ 82 por pessoa, vai ter que ficar para outra oportunidade.
Sócia da agência de turismo Intermundo, de Balneário Camboriú, Cíntia Rux conta que muitas pessoas estão reduzindo os dias de estadia, mas ainda há procura por viagens ao exterior.
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– Antes as viagens eram de 15 a 20 dias. Hoje em dia as pessoas escolhem menos locais para conhecer e ficam no máximo 10 dias fora – analisa.
Para atrair os clientes, algumas agências oferecem parcelamento em 10 vezes e praticam valores abaixo da cotação do dia para o dólar. Já as promoções-relâmpago, que duram poucos dias e são oferecidas por companhias aéreas para preencher vagas em aberto nas aeronaves, também são opções que pesam menos no bolso e incentivam a compra de pacotes.
– Em alguns casos, o preço das passagens caiu pela metade em relação ao ano passado. Para quem consegue reajustar a data da viagem, essa é uma vantagem que acaba compensando a alta do dólar – conta Gilmar Villain, sócio-proprietário da TW Viagens e Turismo.
Renato Espíndola, consultor de viagens da Gugelmin Turismo, de Itajaí, diz que ainda há muitos pedidos de orçamentos, mas que, na empresa, as vendas baixaram 40% neste ano. As alternativas mais procuradas acabam sendo roteiros nacionais ou cruzeiros marítimos.
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