Thalita, que bem completou 4 dias de vida, nasceu com vida e portando uma doença raríssima. A menina nasceu com a chamada Ectopia cordis, que, em termos leigos, significa o coração do lado de fora do corpo. A incidência de casos assim é de cinco em um milhão. De tão raro, poucos conseguem resistir: a mortalidade chega a ser superior a 50% dos casos.

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Na noite de sexta-feira, o DC conversou com o pai de Thalita, o empresário Bruno Correia Pereira, 22 anos. Ele a mulher Katiane estão casados há três anos e moram no Bairro Pagani, em Palhoça.

Diário Catarinense – Vocês descobriram a doença logo no início da gravidez. Como foi viver os nove meses com essa notícia?

Bruno Pereira – Foi um baque. Bem difícil. Ficamos desorientados, sem saber o que fazer. Foram nove meses de alegria e tensão. Era muito sentimento ao mesmo tempo. Mas não tem como não aceitar. Ela é a nossa filha e faríamos de tudo para salvar a vida dela.

DC – E depois?

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Pereira – As coisas parece que foram melhorando aos poucos. O médico foi nos dando esperança e a situação foi ficando mais favorável. Ele não a via com problemas cardíacos, nem outras más formações. Era só o coração para fora mesmo.

DC – Como fizeram para suportar esse problema?

Pereira – Somos muito ligados à Congregação Cristã de Palhoça. Rezamos muito e começamos a ir de duas a três vezes à Igreja. Mas sabemos que essa era apenas uma prova de Deus. Precisávamos passar por isso. Nada vem por acaso.

DC – Mas vocês não tinham certeza se ela sobreviveria.

Pereira – Não. E era isso o que mais nos preocupava. Sabíamos que ela estava viva dentro da mãe, mas não sabíamos se ela viria assim ao mundo, se a conheceríamos.

DC – E quando a viu?

Pereira – Eu tinha ficado a noite toda acordado esperando por notícias. Estava muito nervoso, agoniado. Até que um médico passou por mim e disse: “tua filha já nasceu. E ela está viva”. Foram as palavras mais lindas e abençoadas que já ouvi. E quando a vi ali, viva e perfeitinha, não tive como segurar a emoção. Não tem como descrever o que senti. É um milagre.

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Doença rara

A doença de Thalita é rara no mundo inteiro. Só em Curitiba, o Hospital Pequeno Príncipe atendeu outros dois casos parecidos há cerca de dez anos. Ambos, porém, não tiveram sucesso: depois de passarem uma semana internados, com a cirurgia feita e completa, nenhum dos dois resistiu aos riscos de infecção.

O último caso conhecido no mundo foi da menina Audrina Cardenas, que nasceu em outubro do ano passado no Hospital do Texas, Estados Unidos. Audrina sobreviveu à má formação, passou por diversas cirurgias e hoje vive bem com a mãe, em casa.