A triatleta Ana Lidia Borba se recupera aos poucos do acidente sofrido no último sábado de manhã. Enquanto pedalava em treinamento de 130 quilômetros para as próximas competições, foi atropelada na SC-401, em Florianópolis, na altura do Corporate Park. O motorista que a atingiu teria dormido ao volante. Ana Lidia seguia no sentido Norte para encontrar uma amiga que iria ajudá-la a arrumar o pneu da bicicleta.

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O condutor parou e prestou socorro. Com o impacto, a atleta foi jogada para o alto e bateu a cabeça. Chegou consciente ao Hospital Celso Ramos. Depois foi levada para uma clínica, onde ficou internada até domingo.

Nesta segunda-feira está em casa. Fará novos exames para avaliar os impactos da batida. Além de ferimentos na cabeça, ficou com marcas pelo corpo.Somente com as novas avaliações médicas é que ela decidirá se mantém o calendário de competições que havia previsto.

Desde março a triatleta estava afastada de competições para se recuperar de uma operação no joelho. Atualmente se preparava para disputar o Ironman 70.3 no Rio de Janeiro, em novembro, e os Jogos Abertos de Santa Catarina (Jasc), no mesmo mês. A goaiana radicada em Florianópolis participa de competições de alto nível no país.

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— Não sou insegura, não me deixa um trauma. Fico triste porque moro em Florianópolis há sete anos. Quando me mudei para cá achava melhor para fazer os treinos. Mas parece que mesmo depois do verão não passou aquela sensação de trânsito nervoso na SC-401. É uma pena, porque a gente mora num lugar maravilhoso e se vê refém porque não tem segurança — lamenta.

Triatleta está caminhando normalmente, mas fará novos exames nesta segunda-feira
Triatleta está caminhando normalmente, mas fará novos exames nesta segunda-feira (Foto: Cristiano Estrela / Agencia RBS)

E essa não foi a primeira vez que ela passou por um acidente. Em 2009, quando treinava para o Ironman da Capital, perdeu o controle da bicicleta ao não conseguir desviar de um “olho de gato”. Soltou a bicicleta e caiu no meio da pista. Um caminhão ainda conseguiu desviar, mas o carro que vinha logo atrás, não. Ana foi atropelada. A roda do veículo passou sobre o quadril da atleta.

O processo de recuperação foi complexo. Um mês e meio na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), quatro meses de cama e três meses andando com ajuda de muletas. Só voltou a andar, sem ajuda, em setembro de 2010, quase um ano depois do acidente, onde quebrou todas as costelas, metade da coluna para baixo, a bacia e ter rompido vários órgãos.

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Preocupação com a insegurança

Ana Lidia diz que acidentes envolvendo ciclistas estão se alastrando, não só no Brasil. Recentemente um colega dos Estados Unidos foi atropelado na Califórnia. A triatleta conta que outros competidores entraram em contato com ela após o acidente de sábado e logo perguntaram: “mas foi no percurso do Ironman?“. Ana Lidia respondeu que sim.

Diante da insegurança, a triatleta ressalta que Florianópolis precisa encontrar uma forma de possibilitar o uso de bicileta sem riscos.

— Que bom que foi um acidente sem consequência. Que sirva de exemplo para as pessoas e também para o poder público ajudar com um lugar melhor para treinamento. Se a SC-401 não tem condições, que a gente consiga fazer uma parceria, pensar numa solução — pediu a atleta, que ressalta a diferença entre a ciclovia, destinada para passeios e deslocamentos, e um espaço para treinamento de atletas.

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Ana Lidia já evitava a SC-401 por conta dos recentes acidentes e mortes envolvendo ciclistas. Agora, segundo ela, a restrição vai aumentar. Como alternativa, vai se dedicar ao rolo (equipamento que possibilita treinar em casa) e a fazer pedaladas na BR-282.