Três ex-dirigentes da companhia Tokyo Electric Power (Tepco) serão julgados no Japão devido à catástrofe nuclear de Fukushima, que ocorreu de março de 2011, no que será o primeiro processo vinculado a esse caso.

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O ex-presidente do Conselho de Administração do grupo operador da central no momento da tragédia, Tsunehisa Katsumata, 75 anos, e os dois vice-presidentes-executivos, Sakae Muto, 65, e Ichiro Takekuro, 69, deverão comparecer ante a Justiça em virtude de uma decisão adotada em julho por um grupo especial de cidadãos.

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Os três dirigentes são acusados de não terem adotado medidas que teriam permitido evitar os problemas causados nas instalações pelo tsunami, assim como as falhas subsequentes.

O painel de cidadãos acusa os três dirigentes da Tepco de negligência profissional e da morte de 44 idosos, evacuados de um hospital de Futaba, perto da central, em condições lamentáveis. Outras 13 pessoas ficaram feridas.

Ruiko Muto, presidente de uma associação responsável por levar o processo adiante, declarou nesta segunda-feira à imprensa em Tóquio achar estranho que até agora “ninguém tenha assumido a responsabilidade pelo acidente” e espera que os acusados sejam considerados culpados.

– Também deve ser questionado o papel do Estado, e o da autoridade de regulação nuclear da época – afirma o advogado Yuichi Kaido, que acredita que o processo permitirá esclarecer uma série de verdades camufladas.

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Oficialmente, ninguém morreu devido à radiação emitida pela central de Fukushima. No entanto, as autoridades reconhecem que centenas de vizinhos da zona faleceram posteriormente pelas consequências da catástrofe, pela difícil evacuação ou pela degradação de suas condições de vida.

Sabiam o que poderia acontecer?

Uma decisão precedente da Justiça japonesa havia estimado em janeiro de 2015 que “as provas não eram suficientes para concluir que teria sido possível prever ou evitar” o acidente, mas os cidadãos finalmente lançaram sua própria ação.

Cinco anos depois da catástrofe, a Tepco acaba de confessar que minimizou a gravidade do acidente nos primeiros dias. Segundo a rede de televisão NHK, os três ex-responsáveis da companhia se declararão inocentes, já que, segundo eles, não poderiam saber de antemão os riscos derivados do tsunami de 11 de março de 2011, provocado por um potente terremoto.

Um estudo interno de 2008 levantava a hipótese de um tsunami de 15 metros, “mas a circulação desse relatório ficou na direção da divisão nuclear, e não chegou até mim”, afirma o ex-presidente da empresa, Tsunehisa Katsumata, questionado em várias ocasiões.

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– Esse documento apresentava apenas cálculos de probabilidade, e não disposições concretas – acrescentou Takekuro.

O processo dos três se anuncia longo e pode não começar até 2017, diante do grande número de documentos que precisarão ser reunidos, segundo os meios de comunicação locais.

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