As prefeituras de Balneário Camboriú e Itajaí sancionaram na tarde de terça-feira a Lei de Integração do Transporte Coletivo entre os municípios – que deve ser estendida também a Camboriú. Apesar dos benefícios que prefeitos e vereadores alegam que o projeto trará, empresas concessionárias dos serviços explicam que ainda é necessário um debate mais amplo sobre o assunto. Entre os gargalos apontados para que o projeto saia do papel, estão o número de linhas, horários para conexões, atrasos, estrutura viária e de terminais, além do custo-benefício do sistema.

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Detentora do serviço de transporte intermunicipal que faz a integração entre a região, a Viação Praiana diz que não foi ouvida no debate do projeto em Itajaí e Balneário. De acordo com o diretor da Praiana e da CTT, que detém a concessão do transporte municipal em Camboriú, Marco Aurélio Seára Junior, a empresa foi convidada apenas para algumas conversas com vereadores, mas está aberta à discussão.

– É muito fácil falar de integração como se fosse a cura dos males, mas tem que ser discutida. Se fosse assim tão fácil todos já teriam integrado. Há que evoluir o transporte coletivo e a integração é importante, mas existe uma série de condicionantes que afetam todo o sistema – explica.

Entre os empecilhos apontados para o sistema integrado, Seára ressalta que é preciso refletir sobre o número de baldeações e se elas são viáveis, o tempo de espera nos terminais, pontos abrigados para os dias de chuva, o casamento das conexões entre as cidades, entre outras questões.

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– Balneário nunca me chamou para discutir, fizeram uma coisa meio estanque entre Balneário e Itajaí. Em relação a Camboriú estamos propensos ao debate – afirma.

O diretor da Praiana explica que mesmo com o transporte integrado, as cidades não devem limitar as opções dos passageiros ou proibir que as empresas intermunicipais peguem usuários nos municípios, favorecendo apenas um tipo de transporte. Segundo Seára, a Praiana vai apostar na demanda de passageiros que preferem pegar as linhas diretas, sem precisar parar nos terminais.

– Acho que não vai acabar o intermunicipal com esse sistema. Os vereadores citaram o exemplo de quem sai do bairro da Barra, em Balneário, e vai para o Cordeiros, em Itajaí, mas se tiver mais que cinco pessoas que fazem esse itinerário eu tiro o chapéu para os vereadores. Os eixos com maior fluxo de pessoas são na avenida do Estado e na avenida Marcos Konder – comenta.

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Discussão ampla

O gerente operacional da Coletivo Itajaí, Marco Littig, diz que ainda é muito cedo para falar sobre integração entre os municípios e que é preciso trabalhar sobre o assunto. Conforme ele, será um benefício para o usuário, mas é necessário avaliar o projeto.

– Tem que ver o local para fazer o terminal, horários, corredores de ônibus e a estrutura para funcionar, porque se o ônibus ficar trancado em um congestionamento, o passageiro vai perder a conexão – argumenta.

Littig explica que a sanção da lei foi o primeiro passo para viabilizar a integração, mas agora é preciso dar condições para que ela ocorra. O gerente afirma ainda que a empresa é favorável a tudo que beneficia o usuário, mas que a ideia precisa ser trabalhada em conjunto com o município para tornar o projeto viável, antes disso ele diz que o foco está no transporte integrado em Itajaí.

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A empresa que parece estar mais animada com a ação é a Expressul, de Balneário, segundo o administrador Evandro Luiz Ern. Ele destaca que a companhia está apta para começar o transporte integrado no menor espaço de tempo possível. O dirigente também informa que haverá uma conversa com o poder público para definir detalhes do projeto.

– Toda parte de logística e informática as empresas teriam que fazer, por isso vamos conversar com os municípios para que eles arquem com a parte física. Vai ter um tempo de maturação do sistema, precisa ter maior disponibilidade de linhas e horários. Teremos um aumento do custo e não de remuneração, mas estamos apostando no volume de passageiros ao longo do tempo para ser autossuficiente – avalia.

Prefeitos acreditam em implantação simples

O prefeito de Itajaí, Jandir Bellini (PP), e o prefeito de Balneário, Edson Piriquito (PMDB), estavam afinados no discurso sobre o transporte integrado intermunicipal, cuja lei foi assinada na terça-feira. Os dois afirmaram que a sanção foi o primeiro passo para tirar do papel o projeto, mas que ainda é necessária uma reunião técnica entre os municípios e as empresas que detém as concessões dos serviços para definir prazos e o tamanho do investimento que deve ser feito.

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Os prefeitos explicaram que o processo para implementar o transporte integrado entre as duas cidades seria mais simples, que o de Itajaí, por exemplo, que ainda não foi completamente implantado.

– Itajaí teve o problema com as desapropriações do terreno do terminal Cordeiros, neste caso é mais simples, esse sistema permite que o passageiro desembarque na divisa dos municípios e pague só uma passagem – observa o prefeito Bellini.

Além disso, Piriquito afirmou que vereadores consultaram as duas concessionárias antes de fazer a lei e elas foram favoráveis ao sistema. Ele também ressaltou que os problemas apontados pelas empresas serão adequados com o tempo.

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– Vamos fazer a reunião para verificar tudo que é necessário para fazer, os outros serviços acompanharão o transporte integrado e as nuances que forem surgindo vão sendo superadas – explica.

Os prefeitos também garantiram que os municípios irão assumir os custos com o terminal que precisa ser construído no limite entre as cidades e que o prazo para o projeto será definido conforme o orçamento das administrações.

Lei é o primeiro passo para implantação, segundo vereadores

O vereador Fábio Flôr (PP), autor do projeto de Balneário, afirma que a lei cria um aparato legal para o transporte integrado, que deve agilizar o processo de implantação. Ele acredita que o projeto deve estar funcionando em 2015.

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– O primeiro passo foi sancionar a lei e agora vem a construção dos terminais, além de estabelecer novas rotas e ações para melhorar o transporte.

Já o vereador José Alvercino Ferreira (PP), um dos autores do projeto em Itajaí, comenta que a prefeitura tem uma ideia de onde pode ser instalado o terminal – próximo à divisa dos municípios onde fica o posto de gasolina da Brava. Segundo ele, a implantação é simples e nem necessitaria de um terminal.

– Vamos adequando com o tempo, uma coisa puxa a outra, senão vai durar vários anos. Se a gente não começar agora, não vai sair o sistema integrado – diz.

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