A Polícia Militar fez cordão de isolamento, junto a seguranças do clube, mas não conseguiu impedir o grande número de torcedores que lançaram pedras grandes contra os carros dos atletas, no estacionamento do estádio Heriberto Hülse. Quase todos os automóveis foram atingidos pelo apedrejamento, que amassou as latarias e quebrou vidros.
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O protesto veio em resposta à derrota de 2 a 1 para a Ponte Preta, pela segunda fase da Copa Sul-Americana. A revolta do torcedor já foi demonstrada ao longo do jogo, com vaias ao gol de João Vitor, aos 40 minutos do segundo tempo. Um cartaz foi estendido, dizendo “Viemos pela camisa, não por vocês”. Em um momento da partida, a torcida cantava, mas virada de costas para o campo.
A PM soltou dois rojões para conter e afastar as pessoas do estacionamento, mas as pedras continuaram sendo atiradas, mesmo de longe. Grande número de torcedores continuou em frente ao estacionamento do estádio mesmo depois de serem dispersos pela polícia. Eles permaneceram aguardando a chegada dos atletas.
– O protesto de arquibancada foi absolutamente correto. A torcida tem razão. Agora sou totalmente contra ir lá quebrar carro do jogador. Isso sou completamente contra e ninguém vai me convencer que isso aí é uma coisa normal, porque não é normal. A gente entende a paixão do torcedor, entende que ele perde a razão, mas o fato de ir lá arrebentar carro do atleta não dá. As coisas têm que ser preservadas e não ultrapassar o limite – aponta o técnico Vadão.
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Galatto, que fez sua estreia com a camisa do Criciúma contra a Ponte Preta, é dono de um dos muitos automóveis atingidos. Ele acredita que a reação da torcida faz sentido, mas dentro do estádio e não com agressão.
– Um dos veículos foi o meu. Mas não tem problema. O torcedor tem direito de gritar e vaiar aqui dentro. Hoje teve derrota, fomos vaiados aqui dentro. Mas o meu bem é um bem particular, não é um bem do Criciúma pra ser destruído. No momento que parte pra uma agressão ou joga pedra, tira um bem do jogador, a gente fica chateado. Não pode ser por esse lado. Eu adoro Criciúma, me sinto muito bem aqui. Mas espero que não se repitam essas agressões aos veículos, espero que a gente tenha um diálogo – lamenta ele.
Gilson, que avaliou os estragos causados a sua BWM, ficou indignado com a situação.
– A torcida tem que cobrar dentro de campo. Quebrar o carro dos outros é vandalismo. Dentro de campo tudo bem, porque nós estamos mal. Nós sabemos que estamos devendo dentro de campo. Nós não entramos em campo de sacanagem, querendo perder o jogo. Nossa fase está ruim mesmo, mas isso é vandalismo. O torcedor tem que cobrar, eu volto a repetir, dentro de campo. Tem que xingar, protestar, mas chegar ao ponto de apedrejar os carros é totalmente errado.
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Os carros mais atingidos foram os Kia Sorento de Marlon e de Sueliton, que tiveram os tetos solares quebrados. Os ônibus do clube também foram depredados. Na rua em frente ao estacionamento dos atletas, os torcedores acenderam sinalizadores e entoaram cânticos. Com a dispersão da PM, pelo menos um torcedor foi atingido por tiro de bala de borracha, necessitando de atendimento médico.