Durante quase cinco horas, nesta terça-feira, 12 testemunhas de acusação foram ouvidas pela juíza Lucilene dos Santos em audiência de instrução e julgamento do processo que apura a morte por asfixia de cinco pessoas – quatro delas da mesma família – dentro do apart-hotel Venice Beach, em Canasvieiras, em 5 de julho deste ano.
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Ao fim da audiência, no Fórum de Florianópolis, a Justiça designou a continuação dos depoimentos para o dia 3 de dezembro, às 14h, na sala do Tribunal do Júri. Nessa data, serão ouvidas, além de mais algumas testemunhas de acusação, também as de defesa no crime que ficou conhecido como a chacina de Canasvieiras.
Os réus Francisco José da Silva Neto, Michelangelo Alves Lopes e Ivan Gregory Barbosa de Oliveira, todos moradores do norte da Ilha e com idades entre 20 e 22 anos, acompanharam a audiência após requisição da Justiça. Apenas duas das 12 testemunhas não foram ouvidas na presença dos acusados. Uma delas, a única sobrevivente da chacina, que pediu para não falar na frente dos réus.
Réus pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, furto qualificado, roubo e fraude processual, Neto, Michelangelo e Ivan estão presos no Complexo Prisional da Agronômica desde agosto deste ano. Eles serão os últimos a serem ouvidos na fase de instrução processual, interrogatórios que só devem acontecer em 2019.
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Contraponto
O advogado Jackson José Schneider Seilonski, que representa o réu Francisco José da Silva Neto, afirma que algumas das testemunhas de acusação foram para ele “também de defesa”, já que Seilonski diz que as intimou e elas “serviram para mim também como de defesa”. O advogado considerou a audiência como positiva, já que segundo ele versões apresentadas no inquérito policial foram desmontadas pelos depoimentos.
Seilonski, que já teve pedido de habeas corpus para Neto negado, impetrou um novo habeas corpus, agora no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília.
O advogado Marcos Aurélio de Melo, que defende o acusado Michelangelo Alves Lopes, afirma que tanto a testemunha ocular Dione como outras testemunhas prestaram depoimentos “contraditórios ao exposto no inquérito policial”. Segundo ele, seu cliente foi ao local para roubar, não participou das mortes e é inocente das acusações que lhe imputam. Melo entende que a audiência não esclareceu alguns pontos e, acredita, “a verdade será conhecida com o interrogatório dos réus”.
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A reportagem não localizou a defensora pública Fernanda Mambrini Rudolfo, que representa o réu Ivan de Oliveira.
Entenda o caso
Cinco pessoas foram assassinadas dentro do apart-hotel Venice Beach, na rua Doutor José Bahia Bittencourt, a 100 metros do mar de Canasvieiras, quase a meia-noite de 5 de julho. O caso veio à tona nas primeiras horas do dia seguinte. Foram mortos por asfixia Paulo Gaspar Lemos, 77 anos, Paulo Gaspar Lemos Junior, 51, Kátia Gaspar Lemos, 50, Leandro Gaspar Lemos, 44, e Ricardo Lora, 39 anos. Segundo a polícia, os assassinos, três homens que entraram no hotel por volta de 16h permaneceram no local até perto da meia-noite, depois de submeterem as vítimas a intensa tortura psicológica.