O leilão mais esperado da Busscar dos últimos meses terminou sem um único lance e caberá agora à Justiça decidir os próximos passos para vender os ativos da carroceria de ônibus e pagar os credores.

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Realizado na Associação Empresarial de Joinville (Acij), na tarde desta quinta-feira, o leilão começou com a oferta do conjunto da operação por 49% do valor de avaliação. Se a venda fosse concretizada, daria condições técnicas ao comprador de retomar as atividades.

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Sem sucesso, a primeira fase foi encerrada 30 minutos depois e teve início a segunda etapa do leilão, aquela que enterraria de vez a esperança de ressuscitar o negócio, pois abriu para venda de lotes dos equipamentos separadamente, por 59% do valor de avaliação. Para surpresa tanto do sindicato dos trabalhadores quanto da equipe do leilão, nem as peças atraíram os investidores.

Este é o terceiro leilão. No primeiro, as fábricas foram oferecidas pelo valor de avaliação. No segundo, por 60% do valor, e, neste último, por 49%. Com a venda das peças frustrada, o conjunto da operação continua passível de aquisição, e a leiloeira Tatiane Santos Duarte não descarta receber novas ofertas de compra.

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Segundo Tatiane, os investidores podem estar esperando para negociar após o leilão para tentar conseguir preços ainda mais baixos, só que ela alerta que a redução está chegando ao limite do que a Justiça pode autorizar para venda.

Entre aqueles que haviam demonstrado interesse na compra, um investidor do México é o que estaria com a proposta mais avançada e deve apresentá-la em até 30 dias. A meta deste investidor, diz Tatiane, é reabrir o negócio em Joinville.

Como a lei de falências determina que a venda dos bens se dê unicamente por leilão, o juiz substituto da 5ª Vara Cível de Joinville, Walter Santin Junior, vai decidir os trâmites daqui para frente. Uma das possibilidades previstas em lei é partir para outro formato, o chamado pregão, em que os interessados enviam as propostas antecipadamente e elas são abertas durante o leilão.

Uma reunião deve ser marcada em breve entre o juiz, o administrador judicial e Ministério Público para avaliar a situação. O caso da Busscar não é incomum. Segundo a leiloeira, quando envolve operações fabris o processo costuma ser demorado. Em um dos casos de falência no qual trabalhou foram realizados sete leilões.

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– Uma decepção, não sei o que será o dia de amanhã, vamos continuar lutando -afirmou o presidente do sindicato dos mecânicos, Evangelista dos Santos, ao final do leilão.

A ex-funcionária Aparecida da Silva, 57, deixou a Acij dizendo que foi uma grande decepção e que imaginava algo mais. Ela trabalhou durante 22 anos na Busscar, até o fechamento da companhia em 2012 e atribui o fim do negócio à má administração. Aparecida demorou um ano para se recolocar no mercado de trabalho, mas nunca esqueceu a antiga empresa.

– Era muito bom trabalhar na Busscar, não havia empresa compatível com ela – lembra, com saudade.

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QUANTO VALEM E POR QUANTO FORAM OFERECIDAS

Unidade de Joinville (fábrica de carrocerias)

– Valor de avaliação: R$ 249.863.367,60

– 49% do valor de avaliação: R$ 122.433.050,12

Unidade de Pirabeiraba (fábrica de peças)

– Valor de avaliação: R$ 26.328.599,44

– 49% do valor de avaliação: R$ 12.901.013,73

Unidade de Rio Negrinho (fábrica de peças):

– Valor de avaliação: R$ 17.976.977,48

– 49% do valor de avaliação: R$ 8.808.718,97