O texto do edital de novo leilão da Busscar será concluído nessa semana. O juiz substituto Walter Santin Junior, responsável pelo processo de falência da empresa, pretende fazer o leilão no dia 8 de julho. A oficialização da data ainda depende de ajustes técnicos.

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Grupo Busscar vai a leilão pela metade do preço no mês de junho

Em entrevista exclusiva ao “AN“, o magistrado detalha a modelagem desse próximo certame. Ao assumir, o caso, na 5ª vara cível, em fevereiro, revela ter ficado impressionado com a grandiosidade da questão.

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O magistrado conta que já surgiram duas propostas concretas para a venda da empresa. Uma do México, e outra da Argentina. Santin Junior não fala dos nomes dos potenciais interessados. O valor mínimo para a venda será de 49% da avaliação dos ativos. A seguir, os principais trechos do diálogo.

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A Notícia – O senhor assumiu a 5ª vara cível da comarca de Joinville, em fevereiro. O que te chamou a atenção nesse caso da Busscar?

Walter Santin Junior – O que mais me chamou a atenção é a demora do processo. Isso acontece em razão de sua grande complexidade, com muitos interesses em jogo, e solicitações variadas nos autos. A demora prejudica a todos. Prejudica a massa falida, a própria 5ª vara, os funcionários. Esse não é um processo qualquer, de uma empresa qualquer. O corpo de funcionários é significativo: 5 mil pessoas. O processo tem 20 mil páginas distribuídas por 57 volumes.

AN – Novo leilão será quando?

Santin Junior – Estamos com previsão para fazer o leilão no dia 8 de julho. Ainda não está definido exatamente o dia. Pode mudar. O edital deverá ficar pronto, para publicação, até o fim do mês de maio. Talvez antes.

AN – Qual será a modelagem?

Santin Junior – A modelagem do leilão terá nova roupagem, em relação àquela utilizada da vez anterior.

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AN – Como vai ser?

Santin Junior – Tentaremos vender o patrimônio e preservar o valor, dentro da realidade de mercado. Na vez passada, as propostas tinham de partir de 60% do valor de avaliação. Agora, decidimos – junto com a leiloeira Tatiane Duarte – que o valor de venda será de, no mínimo, 49% da avaliação feita para o caso de negociação englobada dos três ativos operacionais: a fábrica de carrocerias, em Joinville; a unidade de Pirabeiraba, e a terceira, de Rio Negrinho.

AN – Em dinheiro, o que isso significa?

Santin Junior – As três unidades, juntas, poderão ser adquiridas por R$ 144.142.000,00. Se não acontecer a venda englobada, faremos, na sequência, leilão por unidade. Também com valor mínimo de 49% da avaliação. A de Joinville – fábrica de carrocerias – poderá ser comprada por R$ 122,43 milhões. A de Pirabeiraba por R$ 12,9 milhões e a de Rio Negrinho por R$ 8,8 milhões, aproximadamente.

AN – E se não vender?

Santin Junior – Se não houver interessados, faremos, então, a venda, por lotes, das máquinas e equipamentos. Neste caso, o percentual de valor mínimo para arrematação passa a 59% da avaliação. Não temos o formato definido para essa situação. Estamos trabalhando nisso. Claro, que essa venda de máquinas e equipamentos depende do resultado da etapa inicial – a do leilão das três unidades fabris.

AN – Já apareceram propostas pela Busscar?

Santin Junior – Sim. Surgiram duas propostas concretas, formalizadas fora dos autos do processo. Nós as consideramos importantes. Uma vem do México e a outra é da Argentina. E mais uma, de caráter especulativo, vinda do Chile.Dois dos empresários são do setor de ônibus. O terceiro é do ramo automobilístico, mas não do de carrocerias.

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AN – As duas propostas mais afirmativas falam o quê?

Santin Junior – O empresário mexicano quer pagar um valor muito abaixo do que desejamos. Em compensação, se compromete a reativar a fábrica em Joinville, gerando empregos na cidade. A da Argentina vai na direção contrária. O valor que pretende pagar se aproxima muito do que dirá o edital. Mas, o objetivo é levar o patrimônio móvel e produzir ônibus na Argentina.

AN – Nenhum investidor brasileiro apareceu até agora?

Santin Junior – Um grupo mineiro esboçou interesse, mas é só especulação, por enquanto. Não dá para esperar pela eventual melhora do cenário econômico para, só então, levar as fábricas a leilão. Está tudo muito incerto na economia. Os estrangeiros têm, a seu favor, a cotação do dólar.

AN – Quando será possível pagar os trabalhadores?

Santin Junior – Isso só será possível depois da venda desses bens operacionais. Depende da arrematação da fábrica. É necessário termos um valor bom para distribuir importância razoável para cada um deles. Temos o máximo interesse em finalizar esse processo com a venda dos ativos.

AN – A venda de outros bens não operacionais resultou em caixa de aproximadamente R$ 15 milhões. O que se faz com esse dinheiro?

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Santin Junior – Só a manutenção adequada das instalações, dos equipamentos, do pagamento de seguros da massa falida, pagamento ao administrador judicial, entre outros gastos obrigatórios, custa R$ 300 mil por mês. Quando visitei os lugares, gostei muito do cuidado com os bens e da limpeza de todos os ambientes.

Perfil

– O juiz Walter Santin Junior, 35 anos, trabalha no Poder Judiciário desde 1999, quando começou como estagiário. Nasceu em São Paulo, foi delegado de Polícia em Santa Catarina, atuando na função em Guaramirim, antes de se tornar juiz de Direito. Foi assessor de juiz e, na sequência, na condição de magistrado, trabalhou em Caçador e Brusque. Agora, em Joinville.