Por terapia, para ter uma renda extra ou transformar em profissão. Esses são alguns dos motivos que levam o curso de corte e costura a ser o mais disputado nas escolas profissionalizantes de São José, na Grande Florianópolis. A atividade proporciona autonomia para criar as próprias roupas, fazer pequenos consertos e ajuda na economia doméstica.
Continua depois da publicidade
Nilda Aparecida Derner Capistrano, diretora da escola profissional Santo Antônio, conta que mulheres de todas as idades participam das aulas. A mais nova aluna tem 17 anos.
— Tem pessoas que querem voltar ao mercado de trabalho, e aqui é uma forma de fazer isso. Tem aquelas que já se aposentaram e pretendem fazer uma nova atividade, porque não querem ficar em casa. E tem as meninas que fazem faculdade de moda e aqui conseguem praticar — explica Nilda.
A diretora percebe que muitas acabam vendo na costura uma forma de ganhar um dinheirinho, que ajuda na economia doméstica.
Continua depois da publicidade
— Elas conseguem trabalhar em casa, cuidar da família e ter sua renda.

É o caso de Ivete dos Santos, 57 anos, moradora da Praia Comprida. Por ter que cuidar da mãe, que é idosa e tem problemas de saúde, Ivete não pode trabalhar fora. Por muito tempo ela fez bordado a máquina, mas, como a concorrência no bairro aumentou, teve que se reinventar. Foi então que procurou o curso de corte e costura há quatro anos e hoje trabalha com pequenas reformas de roupas.
— Eu não tinha nem noção da costura. Um ano e pouco depois que comecei o curso, veio um moço na minha casa pedindo pra eu fazer a bainha dos uniformes de uma empresa. Fiquei meio perdida, mas deu certo. Eu me dei melhor com as reformas. Hoje já dá pra ganhar um dinheirinho.
Dom que virou negócio

Quando ficou desempregada, a administradora Magda Ballejo Born, 49, resolveu fazer roupinhas de cachorro sob medida para vender. Viu neste setor um mercado promissor. Tornou-se uma microempreendedora individual (MEI) e ampliou a produção.
Continua depois da publicidade
No entanto, o conhecimento que tinha de costura era pouco para se profissionalizar.
— Há 20 anos fazia lingerie com a minha mãe, mas tinha pouca noção. Comprei minha máquina e comecei sozinha, pegando os moldes na internet, mas sabia que precisava de um complemento.
No curso, aprendemos modelagem, o que faz com que o caimento fique diferente, além de técnicas que deixam o trabalho mais fácil.
Magda exerceu a atividade de administradora durante 15 anos e nem imaginava que ia mudar completamente de área. Hoje, ela trabalha em casa, mas com horário fixo e se programa para empreender ainda mais.
Continua depois da publicidade
— Eu me identifiquei bastante com a costura, que é completamente diferente do que eu fazia. É um dom que não sabia que tinha e estou gostando. Agora, costurar é a minha profissão.
Linhas terapêuticas
Nas aulas, o bate-papo entre colegas e amigas é sempre animador. No final, todas ganham alguma coisa. Quem não pretende vender as peças ou trabalhar com costura aproveita para ocupar a cabeça e aprender.
Foi por isso que Renata Costa José, 32, se matriculou há três anos. Quando teve a segunda filha, largou o emprego de caixa de farmácia para ficar em casa cuidando das crianças. Os filhos cresceram e, como passam meio período na escola, ela percebeu que precisava fazer alguma coisa para ocupar as horas ociosas.
Continua depois da publicidade
— Uma amiga que fazia o curso me convidou. Eu não sabia mexer em nada, nem que tinha que colocar linha na máquina. Eu vim por brincadeira, achei que não ia ficar, mas gostei e fiquei — lembra.
Pouco tempo depois, Renata comprou uma máquina e começou a fazer roupas para ela e as filhas.
O curso de corte e costura da escola profissional Santo Antônio é aberto para alunos a partir de 14 anos. As aulas são gratuitas e têm duração mínima de um ano. A escola oferece o espaço e as máquinas, mas o material de uso pessoal, incluindo os tecidos, é de responsabilidade do aluno.
A professora Maria Regina Leandro explica que não precisa ter conhecimento prévio em costura. Os estudantes aprendem desde o básico e terminam criando peças.
Continua depois da publicidade
São José tem oito escolas profissionais com diversos cursos. Além de corte e costura, há aulas de bordado, tricô e crochê, pachtwork, artes aplicadas, cabeleireiro, manicure e pedicure, pintura, informática, entre outros. Para se matricular em um dos cursos é preciso ficar de olho nos editais, que são publicados geralmente no final do ano no site da prefeitura.
Moradores de comunidades de Florianópolis dão exemplo de empreendedorismo
Escolas profissionais do município:
– Escola Profissional Santo Antônio
Endereço: Rua Benjamin Gerlach, 889, Fazenda Santo Antônio
Fone: 3257-3076
– Escola Profissional de Barreiros
Endereço: Rua Aparecida Maria Dadam, Areias
Fones: 3346-1425 / 3346-3303
– Escola Profissional Campinas
Endereço: Rua Altamiro Di Bernardes, Campinas
Fone: 3241-7160
– Escola Profissional Bela Vista
Endereço: Avenida Brasil, 596, Bela Vista
Fones: 3346-4509 / 3246-8496
– Escola Profissional Prefeito Cândido Amaro Damásio
Endereço: Rua Getúlio Vargas, 147, Centro Histórico
Fones: 3247-4946 / 3259-0443
– Escola Profissional Forquilhinha
Endereço: Rua Joaquim Luiz, 188, Forquilhinha
Fone: 3257-0220
– Escola Profissional Picadas do Sul
Endereço: Rua Luiz Fagundes, 2324, Picadas do Sul
Fone: 3357-0439
– Escola Profissional Irineu Esnesto Koerich
Endereço: Avenida Engelberto Koerich, Colônia Santana
Fone: 3259-4096