Questionado sobre uma possível crise no vestiário da Argélia que, segundo a imprensa daquele país, teria colocado os jogadores contra o treinador, pois eles desejavam ser mais ofensivos contra a Bélgica e a ordem foi atuar mais retrancado, o técnico bósnio Vahid Halilhodzic retrucou com certa irritação na sala de entrevistas do Beira-Rio, depois de comandar um treino secreto no fim da tarde deste sábado.

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– Já ouvi tantas mentiras depois do nosso primeiro jogo, que decidi fechar o treino e não revelar a escalação. Ouvi críticas que jogamos muito bem nos primeiros minutos contra a Bélgica e, depois, que fomos muito mal. Nosso time é muito jovem, fomos o time que mais correu na estreia, com 113 quilômetros, tivemos boas chances de gol, mas não marcamos. Precisamos melhorar e sabemos disto – afirmou o treinador da Argélia, que surgiu para a entrevista coletiva com 10 minutos de atraso, algo incomum quando a organização está a cargo da Fifa.

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Com um jeitão de Jorge Fossati, o técnico da Argélia seguiu pressionado na entrevista. De novo, conforme informações da imprensa argelina, ele estaria sendo constrangido pelo presidente da Federação Argelina de Futebol, Mohamed Raouraoua, a alterar a formação da equipe para a decisão contra a Coreia do Sul. Em seu bom francês, o bósnio fechou a cara e tratou de responder.

– É o presidente quem vai me dizer quem joga? A gente ouve tantas bobagens… Não existe pessoa no mundo que possa me fazer mudar a escalação. Quem conhece o meu time sou eu. O presidente não vai interferir na minha equipe – disse Vahid Halilhodzic.

A entrevista seguiu e o bósnio parecia cada vez mais indignado com as perguntas – ainda que tenha respondido a todas elas. Ao comentar sobre se contava com a ajuda da torcida brasileira em Porto Alegre, a fim de empurrar a Argélia para a vitória contra os coreanos, ele emendou:

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– Os brasileiros gostam de um futebol bem jogado. Algumas pessoas acham que não quero que meu time ataque, é bobagem. Fizemos tudo para marcar gols e, assim, chegar mais perto do coração dos brasileiros. E, sim, espero que os brasileiros torçam por nós. Queremos romper com a uma tradição de 32 anos (a Argélia venceu um jogo de Copa pela última vez em 1982, quando bateu Alemanha e Chile, na fase de grupos, mas acabou eliminada) e, por isso, não revelarei a escalação do time nem a maneira como atuaremos. Não somos os favoritos do Grupo H, mas ainda confiamos na classificação.

Apesar da irritação do técnico da Argélia, ao contrário da partida contra a Bélgica, a seleção deverá ter uma postura mais ofensiva contra os asiáticos. Tudo para evitar que uma nova derrota, agora em Porto Alegre, marque a prematura despedida dos “Desert Warriors” (Guerreiros do Deserto) – como está estampado no ônibus oficial da delegação argelina – da Copa no Brasil.

Mais calmo que o treinador, o goleiro Si Mohammed, que deverá começar a partida contra a Coreia do Sul, foi questionado sobre a importância histórica de ser o único time muçulmano na Copa, em um momento de grande conflito no mundo.

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– Podemos, sim, contribuir para melhorar a imagem dos países muçulmanos. Fora isto, são coisas da vida – declarou.

A provável escalação da Argélia para enfrentar a Coreia do Sul:

Cedric Si Mohammed; Aissa Mandi, Madjid Bougherra, Rafik Halliche e Djamel Mesbah; Carl Medjani, Nabil Bentaleb, Yacine Brahimi e Sofiane Feghouli; Abdelmoumene Djabou e Nabil Ghilas.