O taxista envolvido em uma tentativa de agressão ao funcionário público Guilherme Pontes, 29, não pode mais dirigir táxi até que o processo administrativo aberto nesta quarta-feira contra ele seja concluído. Guilherme relatou em rede social uma situação que passou na madrugada de sábado, quando dois taxistas se recusaram a fazer um trajeto da Alameda Adolfo Konder até passarela Nego Quirido, em Florianópolis, por considerarem curto demais.

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O rapaz conseguiu fotografar as placas dos carros envolvidos, e a própria permissionária, Carolina Gerber Brincas, passou o nome do motorista: Kléber Toledo dos Santos. De posse da queixa formalizada pelo funcionário público, a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana da Capital convocou uma reunião para a tarde desta quarta, com a presença do taxista Kléber, da permissionária, de um representante do sindicato da categoria e do secretário de Mobilidade Urbana, Vinicius Cofferri. O objetivo foi comunicar ao motorista a abertura do processo administrativo para apuração do caso relatado por Guilherme.

No início da noite, o secretário Cofferri relatou à reportagem que o encontro foi objetivo e que agora Kléber agora tem 10 dias para apresentar defesa. Também soube que não pode mais atuar como condutor de táxi na Capital até o encerramento do processo, independentemente de quem seja o permissionário, fato que foi alertado ao sindicato da categoria.

– Chamamos também o outro taxista envolvido na denúncia para uma reunião nesta quinta-feira, 11. Faremos com ele o mesmo procedimento de dar conhecimento do processo que será aberto contra ele, assim como ocorreu com o Kléber.

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O vice-presidente do Sindicato dos Taxistas, João Lídio Costa, também esteve na reunião e falou com a Hora. Ele destacou que Kléber confirmou que houve o desentendimento, mas que o motivo era outro.

– Ele relatou que foi destratado por Guilherme, que estaria alcoolizado e que havia mais motoristas que não quiseram levá-lo pelo mesmo motivo. Ele contou que o rapaz destratou a todos usando palavras de baixo calão e que deu um chute na porta do táxi, por isso Kleber teria ido atrás dele – contou João Lídio.

A Hora também tentou contato com a permissionária Carolina Gerber Brincas, inclusive para obter o contato do motoristas, mas não obteve retorno. Segundo o secretário Cofferri, ela foi representada pelo pai na reunião.

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Câmeras como testemunhas

Para a reportagem, Guilherme confirmou que estava numa festa, mas que não ficou alterado.

– Eu bebi, mas não ao ponto de ficar alterado. Quem me conhece sabe que não é meu perfil usar palavras de baixo calão. Já pedi acesso às imagens das câmeras na frente da casa noturna para compor minha defesa e demonstrar que eu não estava alterado -salientou.

Guilherme ainda relatou que, quando foi registrar o boletim de ocorrência na 1ª Delegacia de Polícia da Capital, na manhã desta quarta-feira, recebeu a informação de que já haviam 34 registros na ficha do homem, que inclusive estaria com a CNH suspensa.

Origem da queixa e do processo

Guilherme contou que era por volta das 2h de sábado quando tentou pegar o primeiro táxi:

– Antes de abrir a porta, o motorista perguntou: “qual o destino?”. Entendi o motivo e respondi com um “pode abrir a porta? Já lhe falo”. Sem sucesso, falei onde ia e recebi como resposta: “ah não, já está ocupado”. Pra garantir, perguntei ao grupo que pegou o táxi em seguida, se eles tinha solicitado o táxi, e a reposta obviamente foi “não”, mas a viagem devia ser mais longa – relatou.

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Pouco tempo depois, um segundo táxi parou, e Guilherme conta que entrou no carro e falou o seu destino, quando o motorista informou que não fazia viagem pequena e o mandou sair.

– Tentei garantir meu direito e falei “amigo, você não pode fazer isso, negar corridas por ser perto, por favor me leve até lá”. Sem sucesso saí, disse que denunciaria e fiz a foto da placa. Aí minha surpresa: o taxista saiu do táxi e começou a correr atrás de mim pra me bater. Tive que correr mais do que eu imaginava que conseguia para não apanhar – contou.

Associação dos taxistas não aprova conduta apresentada

O presidente da Associação dos Taxistas de Florianópolis, Carlos Humberto Vieira, informou que não aprova o tipo de conduta relatado na denúncia, e se for comprovado o fato, o motorista pode ser impedido de trabalhar no sistema da Rádio Táxi:

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– Infelizmente alguns denigrem a imagem da categoria. Orientamos os motoristas, existe regulamentação e todos sabem que não podem negar corrida – disse.

O prefeito Cesar Souza Junior informou que o carro envolvido teve a placa cassada na CPI dos Táxis, porém ganhou uma liminar na Justiça para continuar operando. Mas, agora que esse processo administrativo foi aberto, vai pedir a suspensão do direito de dirigir táxi desses motoristas:

– Eu abomino esse tipo de comportamento e peço que a população denuncie casos assim. Vamos lançar um adesivo novo, que será colado nos painéis dos táxis, reforçando que é proibido negar corridas e os números para denúncias.

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Como denunciar

Ouvidoria da Secretaria

Site: www.pmf.sc.gov.br/entidades/transportes/

Telefone: (48) 3224 1517