Uma placa de táxi vendida por R$ 200 mil para Isaias Gomes dos Santos. Essa é a declaração dada pelo taxista Néri Valmor Machado, em vídeo entregue à imprensa pelo relator da CPI dos Táxis, o vereador Tiago Silva (PDT). A denúncia será apresentada na comissão nesta quinta-feira.

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Néri diz na gravação que teve o táxi por 20 anos. Uma busca na internet ainda encontra o ponto em seu nome, na avenida Hercílio Luz número 639, no centro da cidade.

– Na época eu acho que podia vender. Eu me aposentei e não quis mais – diz Néri na gravação.

Um parecer médico serviu como justificativa para a transferência da sua placa de táxi. Diz o relato que Néri “vem passando por sério problema de saúde, não permitindo que exerça sua atividade a contento, e em decorrência de tais problemas o mesmo angariou para si uma situação de depressão e stress.” Nesses casos, a legislação municipal para concessões de táxi diz que apenas parentes de alguém que tenha uma licença podem receber por transferência a placa quando o antigo condutor não tem mais condições de realizar o seu trabalho.

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Para o relator da CPI, há uma aí uma clandestinidade envolvendo o poder público e o poder privado.

– Com esse depoimento e todos esses processos que já tive acesso, chegamos também à primeira prova – afirmou o vereador Tiago Silva.

O Diário Catarinense entrou em contato com o taxista pelo telefone, e Néri confirmou que vai reafirmar as declarações em seu depoimento à CPI, agendado para hoje às 17h na Câmara de Vereadores da Capital.

– Eu vou falar a verdade, o que tem que ser dito – disse o taxista.

O valor da venda da licença pago ao taxista, que diz ter recebido a quantia em dinheiro vivo, não durou muito. Néri acabou voltando a trabalhar como taxista, agora dirigindo o veículo de outra pessoa. Ele trabalha no ponto do aeroporto.

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O documento que concluiu a transferência da licença de Néri passa a permissão para Silvio Gomes dos Santos, irmão de Isais, e foi assinado por Norberto Stroisch Filho (PMDB), secretário Municipal de Transportes e Terminais à época.

Veja o vídeo

Contrapontos

O que diz o advogado de Isaias

O advogado de Isaias, Orlando Rosa Jr, disse acreditar que a CPI está tentando investigar a vida pessoal de seu cliente e que o papel dela seria só checar a placa que está em seu nome. Disse também que é necessário provar a acusação e que o erro era de quem vendeu a placa.

– Então que ele deponha o seguinte na CPI: “Olha, eu vendi a minha placa 00 não sei das quantas. O Isaias comprou ou o João comprou e eles são os atuais peticionários.” Chamem o Isaias, se for o caso. E vai chegar no final, na conclusão vai dizer, a placa tal, o peticionário era o Zé e ele falou que vendeu. Então pronto, o Zé perdeu a placa. E quem investiu, alugando ou comprando, vai perder também – disse o advogado.

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O ex-secretário

Norberto foi procurado pela reportagem para comentar o assunto, mas todas as ligações caíram direto na caixa postal. Na semana passada, ele deporia à CPI dos Táxis, mas enviou um atestado médico justificando a ausência. O ex-secretário deve ser reconvocado na próxima semana.

Sindicato dos Taxistas Em relação as denúncias apresentadas pelo taxista Néri Valmor Machado, o atual presidente do Sindicato dos Taxistas em Florianópolis, Zulmar de Faria, disse desconhecer o fato, já que assumiu em 28 de maio deste ano. Porém, Faria disse também que vai conversar com o taxista para saber com quem ele teria negociado a placa.

– Estou apavorado com tudo isso. Assumi no meio desta turbulência. O sindicato não deve se meter nesse tipo de negociação, pois é algo ilícito. Vou conversar com o taxista e com os ex-presidentes sobre isso – disse.

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De acordo com Farias, os dois últimos presidentes foram Luiz Gonzaga Gonçalves e Joaquim Rogério Matos.