O câncer de mama, segundo tipo mais comum entre as mulheres no Brasil de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (só perde para o de pele), deixa marcas em quem supera a doença, tanto psicológicas quanto físicas. As cicatrizes que ficam após a retirada do seio mexem com a autoestima. Para ajudar a restaurar a beleza e confiança de quem venceu a doença, um tatuador de Imbituba lançou um projeto para cobrir as marcas com flores. No Reinventando Mulheres, além de radiantes, elas se redescobrem e fazem as pazes com o espelho.
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A primeira mulher a passar pelos mãos de Marcus Nascimento, 27 anos, tatuador há seis, foi a professora Jucélia Cipriano do Canto da Silveira, 51. Ela enfrentou o câncer de mama em 2009 e, desde então, faz parte da Associação de Mulheres Amigas do Peito de Içara (Ampi). Antes de fazer a tatuagem, Jucélia tinha vergonha do corpo, vivia escondida em roupas fechadas e evitava que o marido a visse sem roupa. Terminada a tatuagem, a atitude mudou, ela abusa das blusas mais abertas e ficou mais extrovertida e confiante.
— Eu sabia que iria doer, pois é um lugar sensível, mas eu encarei porque sabia que era para ficar melhor. Eu sou outra mulher, completamente diferente, eu mal me olhava no espelho, agora ando de cabeça erguida — orgulha-se a professora.
PARCERIA PARA O BEM
Com a mudança que a tatuagem representou para ela, Jucélia passou a dividir a experiência com as amigas de Ampi, e logo convenceu a vizinha Janice Raycik Viana, 47 anos, a fazer o mesmo. A dona de casa venceu o câncer há cinco anos e no início foi resistente a ideia. Na última sexta-feira, as duas foram juntas até Imbituba e o resultado foi, mais uma vez, surpreendente.
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— É muito lindo, uma flor, uma rosa com ramos do ladinho, achei tão lindo, tapou a cicatriz, mesmo que para mim ela seja um sinal de vitória. As mulheres deviam fazer, é uma página que vira na nossa história. Gostei de ter participado, me imagino velhinha olhando para essa flor — comemora Janice.
Com o projeto na gaveta há alguns anos, Marcus conseguiu apoio para iniciar a série da tatuagens graças ao trabalho da fotógrafa Cândida Cardoso. Ela realiza uma exposição de fotos com as mulheres da Ampi e assim que soube do desejo do tatuador fez a conexão entre as partes. Para Marcus, mais do que tirar a ideia do papel, tatuar essas mulheres é uma recompensa.
— A reação delas após o procedimento foi além das minhas expectativas. Eu não fazia ideia do bem que eu estaria fazendo para essas mulheres. A gente vê o sorriso, a maneira como estão se olhando, pelas palavras que elas nos dizem — diz.
Quem tiver interesse em participar do projeto deve entrar em contato com o tatuador pelo telefone (48) 9691-0234 e marcar uma avaliação. A tatuagem para cobrir a cicatriz é gratuita.
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