Durante quase três horas, o prefeito Gean Loureiro (PMDB) falou aos vereadores de Florianópolis sobre a viagem que fez à Espanha para defender financiamento de cerca de R$ 500 milhões junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para obras de infraestrutura e mobilidade urbana na Capital – com os mesmos R$ 500 milhões em contrapartida pelo município.
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No encontro, ocorrido na tarde desta segunda-feira, o peemedebista deu detalhes das reuniões e visitas que fez durante o Fórum Internacional de Prefeitos, reconheceu que a polêmica gerada pela viagem pode ter nascido da forma como a decisão foi comunicada e reiterou a crença de que o financiamento é fundamental para tirar do papel obras há muito tempo esperadas na cidade.
O prefeito também falou sobre a ajuda de custo, de U$ 2 mil, que recebeu do BID para fazer a viagem, em despesas com passagens aéreas e deslocamentos, entre outras. Justificou a ida de sua esposa, Cintia de Queiroz Loureiro, pelo fato de a primeira-dama ser arquiteta e o evento também tratar de temas relacionados à área.
— Se por acaso não ficou muito claro o formato e a importância do evento, eu venho aqui dizer que talvez o timing da decisão pública não foi o mais adequado para se fazer. Mas eu não teria condições de fazer em meio à negociação de uma greve. Mesmo assim, agradeço a oportunidade de vir a esta casa trazer o detalhamento da apresentação, em que fui acompanhado da minha esposa, que é arquiteta também e obviamente tinha interesse, e foi autorizada por eles para ir em conjunto.
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Gean garantiu que há boas chances de o financiamento ser aprovado e sua expectativa é de que o contrato com o BID seja assinado até o final do ano. Caso haja acordo entre as partes, o prazo para conclusão das obras é de cinco anos, mesmo tempo necessário para que o município pague a primeira parcela do financiamento.
Questionado se o prazo não pode comprometer o caixa municipal futuramente, Gean disse que em cinco anos outros financiamentos em vigor serão quitados, o que deixaria o pagamento do empréstimo da infraestrutura em condições de ser quitado. Indagado sobre os valores da contrapartida e se há chance de financiamentos em curso suprirem o valor em torno de R$ 500 milhões, garantiu que sim:
— Eu não quero divulgar isso, mas vai sobrar, porque só o da Casan tem R$ 300 milhões previstos para Florianópolis. Temos R$ 160 milhões do anel viário, tem R$ 200 milhões do Avançar Mobilidades Cidades, tem os R$ 17 milhões do elevado, R$ 30 milhões de pavimentação… Então, temos várias obras que consigo botar no financiamento. Além disso, eu tenho cinco anos para as contrapartidas e a execução das obras é nesse prazo. Assim, eu só vou começar a pagar o financiamento quando as obras terminarem — explicou.
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Caso o financiamento seja aprovado, a taxa de juros do empréstimo deve ficar em torno de 3% ao ano em taxa de câmbio variável. Ou seja, se na data prevista para pagamento de alguma das parcelas o dólar estiver cotado acima do valor acordado em contrato, o município terá que pagar essa diferença.
O mesmo ocorre na hipótese de a moeda americana estar em cotação abaixa do valor de contrato do financiamento. As tratativas para o financiamento se encontram agora na fase de “missão de análise”, quando o BID avalia as propostas de cada município e o formato de financiamento pretendido. Depois, os projetos são avaliados pela direção do banco em Washington, nos Estados Unidos.
— Lá na Espanha eu me reuni pelo menos com cinco pessoas que participam diretamente da liberação do financiamento em Washington. Não que isso vá fazer com que o banco deixe de lado algum critério, mas cria uma condição de nos podermos defender melhor o que queremos — destaca Gean.
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