O prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro (PMDB), esteve na Espanha nesta terça-feira para defender o financiamento de cerca de R$ 500 milhões com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para obras de infraestrutura e mobilidade urbana — com os mesmos R$ 500 milhões em contrapartida pelo município. Mesmo sem ter a garantia de que o contrato será firmado com o BID, a prefeitura em janeiro contratou por quase R$ 3,5 milhões uma empresa de consultoria responsável por estudos técnicos necessários à obtenção do empréstimo. As análises ainda não foram concluídas, mas na gestão há a expectativa de que até o final deste ano o acordo seja assinado.
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A finalização da negociação depende de autorizações que terão de ser concedidas em Washington (EUA) e Brasília. Outro financiamento feito pelo município com o BID, o da Educação. Neste, as tratativas começaram em 2010 e o contrato só foi assinado em 2014, mas até hoje as obras em creches e escolas não decolaram.
O diretor da Secretaria de Infraestrutura, Thiago Schmitt, explica que os casos são diferentes. No contrato de obras para a educação foi necessário garantir a manutenção. Ele afirma que o contrato de R$ 3,4 milhões com a Assessoria Para Projetos Especiais (APPE), empresa localizada no centro da Capital, ainda está em “fase de preparação do programa”. Alega que são necessários estudos técnicos, econômicos e ambientais. Questionado sobre a aplicação dos recursos — em meio à propagada crise financeira — diante da dúvida se o financiamento será contratado, Schmitt disse que se aprovados, os R$ 3,4 milhões serão descontados da contrapartida a ser paga pela prefeitura.
— É tudo um grande programa. Acredito que o Gean foi lá para conversar com alguns gerentes do banco. Como é um grande investimento, o BID também tem interesse, até porque vive de empréstimos. Seria bom para os dois, tanto para a prefeitura como para o banco — explica Schmitt, para dizer que o programa não é só de obras, mas também de “fortalecimento institucional”.
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Viagem do prefeito gera especulações
Na segunda-feira, o vereador Afrânio Boppré (PSOL) protocolou um pedido de informações ao Executivo sobre os custos e o roteiro da viagem do prefeito Gean Loureiro (PMDB) à Europa. O documento foi lido na sessão plenária de terça-feira e deve ser debatido e votado pelos parlamentares na próxima semana. A prefeitura classificou o requerimento como desnecessário. Garantiu que o prefeito pretende falar com os vereadores na segunda-feira sobre os avanços para Florianópolis com o encontro.
Na sexta-feira passada, às 8h29min, o prefeito Gean Loureiro publicou em uma rede social que estava em Santander, na Espanha, em “fase final de conquista do maior investimento em infraestrutura da história de Florianópolis”. Garantiu que a viagem não seria bancada pela prefeitura e que as demais despesas seriam pagas do próprio bolso.
Depois de especulações sobre o roteiro da viagem, a qual Gean fez acompanhado da esposa, Cíntia de Queiroz Loureiro, ontem o chefe de gabinete, Bruno Oliveira, garantiu que seu único compromisso na Espanha era a participação no Fórum Internacional de Prefeitos. O encontro, no entanto, começou no dia 12 de junho e termina hoje.
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Após a reportagem confrontar o gabinete com as datas, a assessoria da prefeitura disse que acreditava que o prefeito desembarcara na Espanha no dia 9 ao entardecer, quando Gean enviou mensagem destacando o tempo de conexões dos voos, 17 horas, e mais 5 horas de trem até Santander. O prefeito afirma que no domingo, dia 10, já teve encontro com a consultora da divisão de desenvolvimento do BID, Carolina Barco. No mesmo dia teria ocorrido o “encontro dos participantes com a recepção da prefeita de Santander e do ministro do Fomento da Espanha¿. A nota oficial, o prefeito também fala de painéis no evento e de uma programação em Bilbao para o BID mostrar ¿a transformação nos últimos 30 anos com financiamentos do banco”.