O advogado do jovem indiciado pelo atentado a bomba que feriu um cinegrafista no Rio de Janeiro está tentando convencer seu cliente a aderir ao instituto da delação premiada.

Continua depois da publicidade

Jonas Tadeu Nunes, que representa o estudante universitário Fábio Raposo, de 22 anos, quer revogar a prisão que ocorreu nesta manhã na casa dos pais dele, no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio.

– Ele está um pouco relutante – comentou.

Fábio é apontado co-autor de atentado durante manifestação na Central do Brasil, no último dia 6, e deve responder por tentativa de homicídio. O cinegrafista Santiago Andrade, da TV Bandeirantes, segue internado em coma.

Leia mais:

Continua depois da publicidade

Estudante admite manuseio de rojão que feriu cinegrafista

O delegado titular da 17ª Delegacia Policial de São Cristóvão, Maurício Luciano, disse em entrevista coletiva no início da tarde que o rapaz está sendo convencido pelo advogado Jonas Tadeu Nunes e pela própria polícia a colaborar com as investigações.

– Está entre ele e o advogado. Estão decidindo o que é melhor para a situação do Fábio.

O delegado explicou que a delação consiste em Fábio admitir que conhece o principal suspeito de ter acionado a bomba que feriu o cinegrafista e dar meios para a sua identificação.

Fábio Raposo nega ter participado do acionamento do artefato

Logo após a detenção do jovem, o delegado fez uma busca na residência dele, no Méier, zona norte da cidade, onde apreendeu as roupas que Fábio usava por ocasião da manifestação popular – uma bermuda preta e uma camiseta cinza, além de vários celulares. No local, um vizinho disse ter visto Fábio pichar no playground o nome do grupo black bloc, além de uma frase ofensiva à polícia. A polícia tirou fotos da pichação e deverá disponibilizá-las para a imprensa.

Caso fique comprovado que Fábio Raposo pertence a qualquer organização, como os black bloc, ele irá responder por mais um crime, além de tentativa de homicídio qualificado e crime de explosão.

Continua depois da publicidade

– Se ele integrar essa organização e a gente verificar que ele já praticou outros atos de maneira estável e duradoura, associado a outras pessoas, ele poderá ser indiciado no crime de organização criminosa – informou Luciano.

O delegado acrescentou que isso aumentará a pena de Fábio Raposo. A pena para o crime de organização criminosa é até cinco ou seis anos.

A polícia vai investigar também a ameaça que Fábio diz ter sofrido para que assumisse sozinho o atentado contra o cinegrafista. Acrescentou que caso ele delate o principal suspeito do crime, a polícia necessitará de uma ordem judicial para prendê-lo. Mesmo que decida apontar o outro elemento, Fábio terá de aguardar uma possível revogação da custódia cautelar na prisão.

Indagado sobre uma eventual fuga do segundo suspeito, o delegado Maurício Luciano disse acreditar que ele não irá longe, devido à repercussão que o caso ganhou, porque será identificado.

Continua depois da publicidade

Segundo Luciano, a mãe e o padrasto de Raposo estavam consternados e pareciam já esperar a prisão do filho. O padrasto procurou convencer o jovem a colaborar com as investigações. Fábio pareceu conformado, foi a sensação que o delegado teve. O universitário diz que a ocupação principal dele é como tatuador. A polícia pretende pedir a quebra do sigilo telefônico de Fábio e já está de posse do HD do seu computador. Um grupo técnico da polícia está examinando a possibilidade de resgatar informações que ele retirou do Facebook.