8 de março. Todos os anos, se não fosse instituído o Dia Internacional da Mulher, seria apenas mais um dia em minúsculo no calendário. Mais um dia num ano dos intensos anos das nossas difíceis e fascinantes vidas. E é.
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Ser mulher, do nosso corpo a nossa alma, é uma aventura, uma descoberta incessante. A gente vai entendendo e sentindo no viver o que é estar contido nesta classificação, na expectativa e na experiência de ‘ser mulher’. Na educação que recebemos, nas responsabilidades que sobre nós recaem sem escolha, ajuda ou negociação, nos direitos que nos cabem e nos devem, no tratamento a nós dado em tantos e diversos contextos da vida, da onipresente louça na pia a nossa espera a criar os filhos e enfrentar o mundo sozinhas, mulheres atravessam batalhas constantemente.
Essas batalhas não são de homens X mulheres, embora o assim denominado machismo seja a doutrina que mais motive este front. O machismo, aqui entendido como o exercício de imposição de submissão da mulher e prática de autoridade sobre ela, vem de homens e de mulheres e é o que mais fere a nossa liberdade de ser mulher. Há sempre alguém dizendo como devemos _ como ‘podemos’ _ ou não ser. Jamais lhes concedemos este poder, mas é o que praticamos e permitimos que o perdura e fortalece.
Este machismo não é só aquele machismo diário das cantadas e piadas grosseiras, da coisificação do nosso corpo, da propriedade sobre ele e sobre as nossas vidas, do desmerecimento pessoal e profissional da nossa capacidade, da ofensa, do grito, do tapa e do tiro. É também e principalmente o machismo fraternal, sorridente e diplomático, tão cortês, instituído e naturalizado que nem se repensa ou questiona, tal como as homenagens, as flores e as promoções clichês, cujos dizeres, panfletos e ofertas pretendem nos celebrar e reconhecer sem nunca nos terem oferecido uma bolsa de estudos, um curso profissionalizante ou uma promoção de cerveja. Tudo em cor-de-rosa, para a nossa compreensão e identificação. O 8 de março só é um dia, um respiro de 24 horas para encarar os outros 364, e assim até o fim da vida, sempre na batalha de viver sendo mulher, essa condição tão difícil e fascinante.
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