O Hospital Governador Celso Ramos, em Florianópolis, está tendo que lidar com um surto da bactéria KPC, conhecida como superbactéria. Em janeiro, foram registrados 46 casos e até o dia 15 deste mês, outros 14 casos. Os números superam a média de 13 pessoas, ao mês, infectadas ou apenas como hospedeiras da Klebsiella Pneumonia Carbapenamase – quando ela não chega a causar nenhuma doença, apenas está presente incubada.
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Como medida emergencial, a direção da unidade e a Secretaria de Estado da Saúde intensificaram os protocolos de segurança para evitar novas contaminações e também aumentaram o número de leitos disponíveis para isolamento, eram 10 e agora são 18.
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– O paciente também tem que exigir que todo médico e enfermeiro lave as mãos antes de realizar qualquer contato. É um direito que queremos que a população conheça – disse o médico infectologista do Celso Ramos, Valter Araújo.
O cuidado, simples, é a forma mais eficiente de evitar novas contaminações. E o problema é que ele não é um protocolo seguido à risca por todas unidades de saúde do Estado, e também dentro do país como um todo.
Ele explica que a tendência está se revertendo, mas se for mantido o mesmo ritmo de contaminação do início do mês de fevereiro, o número de casos continuará sendo superior ao que é considerado normal dentro da unidade.
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O médico fez questão de destacar também que, dos 28 mil pacientes que passaram pelo hospital desde o primeiro registro de contaminação da superbactérica, no dia 15 de dezembro de 2011, foram 515 casos identificados com a KPC.
Foto: Emergência do Hospital Governador Celso Ramos (Cristiano Estrela / Agência RBS)
Entre os fatores que podem ter levado ao aumento do número de infectados, estão o uso de ventiladores durante o verão, que ajudam a espalhar os elementos de contaminação no ar, a falta de pessoal suficiente no setor de limpeza do hospital (17 funcionários para um total de 54 necessários e a falta de material individual de higienização.
– Não adianta fazer (o protocolo de segurança) 99 vezes certo se fizer uma vez errado. Apenas esse deslize já vai permitir que possa ocorrer uma contaminação – reforça o superintendente de Vigilância em Saúde, Fábio Gaudenzi, da secretaria estadual.
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:: A superbactéria
A KPC é um microoganismo que acabou sendo “selecionado” devido ao uso excesso de antibióticos. Isso acontece quando os remédios não eliminam todas as bactérias e as sobreviventes se multiplicam, agora com a habilidade adquirida de resistir a determinadas medicações.
– A gente sabe que os hospitais vão conviver com essa bactéria para sempre pelo uso exagerado e indiscriminado de antibióticos. O que podemos fazer é diminuir ao máximo o número de contaminações, para evitar que ela se espalhe – explica o médico infectologista do Celso Ramos.