O superintendente da Polícia Federal (PF) em Santa Catarina, Clyton Eustáquio Xavier, se pronunciou pela primeira vez sobre o conflito entre polícia e comunidade universitária dentro da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) no dia 25 de março. Ele convocou uma entrevista coletiva para rebater a declaração da reitora Roselane Neckel que disse ter sido coagida a aceitar uma investigação contra o tráfico dentro da UFSC:

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– Sabe se lá porque ela falou aqui, mas a reitora está dizendo inverdades. A Polícia Federal foi procurada pela UFSC para que se apurasse duas denúncias: uma sobre tráfico de drogas e outra que está sob sigilo de justiça – disse Clyton, reforçando que as declarações da reitora podem incitar a violência contra a PF.

Quando estourou o conflito entre polícia e a comunidade universitária – dia 25 de março -, Clyton estava em Brasília e autorizou as ações tomadas pelo superintendente interino Paulo César Barcelos Cassiano.

Clyton afirmou que a diretoria-geral da PF elogiou a ação feita na UFSC e não houve repreensão às declarações de Cassiano, que chamou a universidade de “antro de crimes”:

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– O Cassiano se referiu à minoria de baderneiros que existe lá. Foi enfático, mas era uma verdade que era preciso ser dita _ avaliou.

Na opinião do superintendente, a ação da PF foi dentro da legalidade, cumprindo a função de combate ao tráfico:

– Claro que não desejávamos os efeitos colaterais, mas os policiais viram gente fumando maconha e tinham que fazer alguma coisa, senão estariam cometendo o crime de prevaricação – explicou o superintendente.

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Inquérito para apurar ação

No dia 28 de março, a Polícia Federal abriu um novo inquérito para investigar quem cometeu atos ilícitos durante a confusão. Serão apuradas crimes como dano ao patrimônio, resistência à prisão, incitação à violência, desacato e até furto – um carregador de pistola e carteiras funcionais, com documentos de dois policiais, foram levadas da viatura tombada pelos universitários.

Foto: Viatura da PF foi tombada durante tumulto. Crédito: Guto Kuerten/ Agência RBS

Foto: Carro da UFSC foi depredado pela durante o confronto. Crédito: Guto Kuerten/ Agência RBS

Foto: Objetos foram usados duranto o confronto e passam por análise. Crédito: Guto Kuerten/ Agência RBS

O inquérito também vai investigar se houve excesso no uso da força por parte da polícia e possíveis erros das forças de segurança.

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O resultado do inquérito deve ser apresentado até dia 28 de abril, mas Clyton ressaltou que o trabalho é complicado – com muitas perícias e análises – e pode ser pedida uma prorrogação desse prazo.

Desgaste entre as instituições

Depois que a poeira baixar, a reitora da UFSC deve ser chamada para uma conversa informal pela PF. Apesar de afirmar que a questão não deve ser personalizada, o superintendente disse que Roselane está fazendo jogos políticos.

– Ela não pode acobertar aquela minoria de baderneiros e dar declarações que incitem a violência. Isso só contribui para o desgaste das instituições.

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Lei de Segurança Nacional

O Ministério Público fez um pedido à PF para que investigue o conflito ocorrido na UFSC com base na Lei de Segurança Nacional.

Os artigos citados pelo pedido são: 18 (tentar impedir o livre exercício dos poderes da União), 20 (depredar por inconformismo político), 22 (fazer propaganda de processos violentos para alteração da ordem política ou social) e 23 (incitar à subversão da ordem política ou social).