Sondada por delegações olímpicas, nova pista da UFSC sofre com falta de estrutura

A nova pista de atletismo da Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, foi projetada para receber os maiores nomes do atletismo mundial. O material do piso é igual ao que correu o jamaicano Usain Bolt na última Olimpíada, em Londres. O gasto também teve padrão olímpico, R$ 7,7 milhões.

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O selo é de classe 2 do órgão máximo do atletismo internacional, a IAAF. A possibilidade de trazer grandes nomes para treinamento é real. Indicada pelo Comitê Organizador da Rio-2016 para receber delegações pré-Olimpíada, já está sendo sondada por países como Jamaica e Estados Unidos, como informou o colunista Rafael Martini no Visor dia 25 de maio.

As equipes que já tiveram contato com a pista asseguram: a qualidade é indiscutível. Mas se Bolt chegasse hoje para usar a estrutura teria de se trocar no vestiário da piscina. Os banheiros externos, próximos à pista, segundo o próprio vice-diretor do Centro de Desportos da UFSC (CDS), Luciano Lazzaris Fernandes, estão “uma vergonha” e precisam passar por reforma. Arquibancada não há, assim como qualquer equipamento de atletismo.

Isso porque, até agora, a parceria com o Ministério do Esporte contemplou apenas a pista. No dia 26 de março, quando da inauguração, a reitora da UFSC, Roselane Neckel, entregou ao ministro George Hilton mais duas solicitações.

– São dois projetos diferentes, um que inclui a arquibancada e compra dos equipamentos do atletismo, como disco, dardo, barreiras, colchão, e outro para a reestruturação de nossas quadras externas – explica Luciano Lazzaris Fernandes.

Melhorias sem prazo definido

Segundo Hilton, o complemento com arquibancada e equipamentos está sim previsto, mas para uma próxima etapa dentro do Sistema Nacional do Esporte, que ainda não foi sequer levado para a aprovação do Congresso.

– Nosso interesse é que o Sistema Nacional de Esporte defina o papel desses entes que serão os gestores das pistas e, é claro, como se dará a captação de recursos para aquisição e manutenção de equipamentos. Não é só o poder público que vai gerar recursos para isso, vamos buscar também no setor privado uma parceria muito sólida através da lei de incentivo ao esporte. O sistema chega no Congresso até setembro e queremos que já no ano da Olimpíada ele seja aprovado – afirmou o ministro.

Em relação aos vestiários, a negociação é diretamente com a reitoria da universidade, que respondeu por meio de sua assessoria de imprensa que estão sendo feitos todos os encaminhamentos para viabilizar a reforma. Será que as delegações olímpicas se importam?

– Não temos nenhum material de pista, eles teriam que trazer tudo. Mas alguns países quando fazem essa aclimatação muitas vezes reformam os locais. É um legado que deixam. Esperamos que um dia venham para cá países que possam ajudar a gente – conclui Fernandes.

Estudantes já usam pista; população aguarda projeto

Antes de qualquer herói olímpico, já tem atletas locais estreando as sapatilhas na nova pista. Apesar da falta de material, o local tem abrigado aulas do curso de Educação Física da UFSC, treinos da equipe de alto rendimento UCA, de São José, e da equipe competitiva da própria UFSC. O time de atletismo de Florianópolis aguarda a liberação oficial para treinamentos, pedido feito no fim de maio, enquanto a Associação de Treinadores de Corrida de Rua ainda negocia a utilização do espaço.

A primeira competição oficial da Federação Catarinense de Atletismo estreou a pista no mês passado, levando todos os equipamentos necessários, e, neste fim de semana, é a vez de um evento para alunos da UDESC.

Já a comunidade passará a ser atendida apenas no próximo semestre, quando abrirão vagas para um projeto de extensão que incluirá atletismo, futebol e condicionamento físico, com projeção de atendimento de 300 pessoas por semana, na faixa etária de 7 a 80 anos, segundo informações da diretoria do CDS. O calendário para inscrições deve ser publicado no site do CDS no começo de julho.