O Ministro dos Esportes, George Hilton, está em Florianópolis para a inauguração de uma pista de atletismo na Universidade Federal de Santa Catarina, que pode servir como Centro de Treinamento para delegações durante as Olimpíadas. Em entrevista exclusiva ao Diário Catarinense, o ministro Hilton conversou sobre o momento do esporte no país, as críticas à sua nomeação, o planejamento do Rio2016 e a nova MP sancionada por pela presidente Dilma sobre a dívida dos clubes de futebol com a União.
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Confira a entrevista:
Diário Catarinense: Quando o nome do senhor foi colocado em pauta para ser ministro do Esporte, muitas foram as críticas pelo o que a mídia considerou pouca afinidade com o esporte. Já foi possível entrar em contato com a realidade e as necessidades do esporte nacional e mudar essa imagem junto aos atletas e à sociedade?
Ministro George Hilton: Minha missão à frente do Ministério do Esporte é trabalhar para que o Brasil, ao fim deste ciclo de grandes eventos esportivos – Pan Americano de 2007, Copa da Fifa 2014 e os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016 – seja uma potência esportiva. Desde que assumi, fiz inúmeras reuniões com todos os setores responsáveis pelo desenvolvimento do esporte no Brasil, desde torcedores até atletas, passando pelos técnicos e dirigentes de clubes, federações e confederações. Vamos consolidar o Sistema Nacional do Esporte, definindo responsabilidades de União, estados, municípios e iniciativa privada. Teremos uma política de Estado perene para o esporte. É assim que vamos obter resultados: ouvindo quem precisa ser ouvido e fazendo o que deve ser feito.
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DC: O momento do país é bastante conturbado, com baixo crescimento econômico, crise política e protestos contra a presidenta Dilma Rousseff. Como o senhor avalia esse processo e como o Ministério do Esporte se insere para atender às demandas da população?
Hilton: Acho exagerado dizer que vivemos um momento bastante conturbado. Passamos, sem dúvida por dificuldades, como a grande maioria das nações. O Ministério do Esporte está perfeitamente integrado ao esforço liderado pela presidenta Dilma Rousseff para superar as dificuldades e garantir que os avanços conquistados pelo brasileiros nos últimos anos sejam mantidos e ampliados.
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DC: Semana passada a presidenta Dilma assinou a MP que prevê a renegociação da dívida dos clubes. Como será o trabalho do Ministério para que os clubes comprem esta ideia?
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Hilton: A Medida Provisória é resultado de mais de um ano de conversas de representantes do Governo Federal com atletas, dirigentes de clubes e de federações. É o consenso a que conseguimos chegar para que o governo receba o que os clubes devem e para que os clubes paguem sua dívidas e escapem de um processo de deterioração financeira que coloca em risco toda a atividade futebolística no país. Essa renegociação das dívidas exige contrapartidas claras por parte dos clubes, com o fair play financeiro e a modernização administrativa. As regras estabelecidas na MP foram acordadas entre todas as partes envolvidas. Agora, o debate se dá no Congresso Nacional.
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DC: Como o Ministério do Esporte observa o andamento das obras para a Rio-2016 e a preocupação do COI em relação ao atraso nas obras das arenas e de mobilidade urbana? Florianópolis poderia ser uma candidata a receber as provas de remo?
Hilton: O COI, nas últimas visitas que se fez, não manifestou grandes preocupações. Pelo contrário, os dirigentes se mostraram satisfeitos com o que viram. As obras são executadas de acordo com o cronograma e estarão prontas a tempo. O Ministério do Esporte não tem ingerência na escolha dos locais das provas. Mas 97% das competições serão no Rio Janeiro. Só os torneios de futebol – feminino e masculino – terão disputas em outras cidades.
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DC: Qual o trabalho feito pelo Ministério e o governo como um todo para garantir que a realização da primeira edição dos Jogos Olímpicos no Brasil proporcione um legado esportivo para a população?
Hilton: Para além de todas as instalações esportivas para as disputas da Olimpíada e da Paralimpíada, os brasileiros terão como legado o incentivo para a prática do esporte. O governo federal está construindo centros de treinamento e de iniciação esportiva em todo o Brasil. A presença aqui de ídolos internacionais, a atuação dos nossos atletas olímpicos e essa nova infraestrutura esportiva vão criar esse legado imaterial, que é a transformação do Brasil numa nação esportiva.
DC: Por conta da Olimpíada, tem se investido muito no esporte de alto rendimento. Quais são os investimentos feitos na base, para inserir o esporte como uma prática cotidiana? O que tem sido feito em Santa Catarina?
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Hilton: O principal legado de infraestrutura esportiva dos Jogos de 2016 é o programa de CIEs (Centros de Iniciação Esportiva), um investimento de R$ 967 milhões. As prefeituras doam o terreno – preferencialmente em áreas carentes dos município – e o Governo Federal garante o recurso para a construção. Serão 269 centros em 254 municípios de todas as regiões. Nesses espaços, podem ser praticadas 13 modalidades olímpicas por atletas de base e de alto rendimento. Em Santa Catarina, o Governo Federal investe mais de R$ 15 milhões para a construção de CIEs em Blumenau, Chapecó, Joinville, Lages, São José.
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DC: O senhor chega hoje ao Estado para a inauguração de uma pista de atletismo na UFSC. Qual a importância desse tipo de equipamento para o desenvolvimento esportivo? E em que Santa Catarina pode contribuir?
Hilton: Santa Catarina é um importante polo esportivo. Temos atletas e clubes de destaque aqui no estado. A pista que entregamos hoje é mais um equipamento para ajudar no desenvolvimento do esporte e no aprimoramento dos atletas. Fará parte da Rede Nacional de Treinamento, que integrará pistas e centros esportivos espalhados pelo país. Qualificada para receber todo tipo de provas, essa pista vai permitir o aprofundamento do intercâmbio entre clubes e atletas, com a realização de mais competições nacionais e internacionais em Santa Catarina.
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