Interceptações telefônicas revelaram quem estava por trás dos principais ataques liderados pelo chamado Primeiro Grupo Catarinense (PGC) em Joinville e garantiram a condenação de sete acusados na última segunda-feira. Somadas, as penas passam de 78 anos de prisão. A sentença do juiz da 2ª Vara Criminal, Gustavo Henrique Aracheski, foi divulgada nesta terça-feira pelo Poder Judiciário.
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É o primeiro caso a ter um desfecho na Justiça desde que Santa Catarina foi abalada pelos atentados, entre o fim do ano passado e o começo deste ano. Além de garantir a permanência dos réus na prisão, o processo trouxe à tona detalhes sobre como os envolvidos se articularam para espalhar o terror na cidade, especialmente entre os últimos dias 1º e 3 de fevereiro.
Ligações e trocas de mensagens interceptadas revelam que os membros do PGC em Joinville não só estavam preocupados em corresponder ao comando da facção, atacando ônibus e bases policiais, como especulavam estender os ataques a supermercados e grandes estabelecimentos comerciais.
Ao grupo foi atribuída a responsabilidade por cinco incêndios provocados em ônibus, além de dois ataques a tiros contra a polícia – a Delegacia de Trânsito, no Floresta, e a base da Polícia Militar, no Aventureiro, foram atingidas por disparos. Apesar de não ter havido flagrante na época, o juiz se convenceu de que os envolvidos tiveram participação direta ou indireta nos fatos. Seis foram presos durante a operação e Gilmar dos Santos já estava detido no presídio Blumenau.
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– Como se vê, não é atribuída a execução propriamente dita dos incêndios e dos disparos de arma de fogo, senão a responsabilidade por haverem difundido e organizado no âmbito de Joinville o cumprimento da ordem do comando geral do PGC naquilo que foi chamado de ?salve? – anotou Aracheski.
Segundo a denúncia do Ministério Público, os réus obedeciam a ordens dos líderes da facção na Penitenciária de São Pedro de Alcântara. As investigações foram conduzidas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e começaram no fim de 2012, quando São Francisco do Sul foi alvo dos atentados.
Aquela investigação permitiu que o grupo fosse identificado e monitorado até fevereiro, quando Joinville entrou na rota dos ataques. Outras ações envolvendo o PGC e suspeitos de Joinville ainda tramitam em outras comarcas. O maior processo tem 98 réus e as audiências ocorrem no Complexo Penitenciário de Itajaí.
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Supermercados seriam alvos de ataques
Grandes supermercados de Joinville por pouco não viraram alvos da onda de atentados na cidade. Numa ligação interceptada, Ademir de Borba faz contato com Gilmar dos Santos e questiona se as ações deveriam mesmo ser direcionadas a estabelecimentos comercias e supermercados. Gilmar responde que realmente houve nova ordem do PGC para a mudança de foco nos ataques, como em supermercados, para garantir maior repercussão.
Mas Ademir argumenta que, se as ações criminosas fossem voltadas para esse tipo de patrimônio, “não contariam mais com o apoio da população”.
Ademir ainda menciona que, com a divulgação do vídeo em que presos aparecem sendo agredidos por agentes no Presídio Regional de Joinville, as ações seriam apoiadas. Ademir também reforça que os ataques seriam represálias contra o governo do Estado e não contra a própria população.
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