O Sindicato dos Médicos Veterinários do Rio Grande do Sul (SimvetRS) promete auxiliar as investigações no caso do extermínio de cães saudáveis no Hospital Veterinário da Ulbra. Uma coletiva de imprensa com as diretorias Jurídica, do Hospital Veterinário e do campus Canoas foi convocada para a tarde desta terça para prestação de esclarecimentos.
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Exibidas ontem pelo Jornal Nacional em reportagem produzida pela RBS TV, as cenas foram gravadas em 2008 por dois auxiliares da instituição, que alegaram receber ordens de professores para aplicar injeções letais nos animais.
A universidade garante que denunciou a matança ao Ministério Público e ao Conselho Regional de Medicina Veterinária. A Polícia Civil de Canoas começou a investigar o caso em junho depois que a Ulbra registrou uma ocorrência por ameaça, feita por um dos servidores que gravaram as imagens.
– As cenas são chocantes. Vamos dar total e integral apoio às investigações. O que me chama a atenção é que professores citados (na matéria) sempre prezaram pela ética – disse o vice-presidente do SimvetRS, Ricardo Capelli, em entrevista ao Bom Dia Rio Grande, da RBS TV.
A reportagem mostra que, durante as gravações, o auxiliar de limpeza João Cláudio Arce da Silva recebe um telefonema – que ele diz ser da então vice-diretora do hospital, Carla Koeche. Ela teria dado as ordens para exterminar os animais.
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Silva – Ô professora, peguei o Faísca.
Professora – E ninguém viu?
Silva – Não, ninguém viu.
Professora – Só te certifica de que ele tenha morrido bem.
Silva – Eu vou fazer do jeito que a senhora falou aquele dia, na caixa torácica. Daí é mais fácil, né?
Professora – Ah, tá.
A Ulbra diz que tomou conhecimento da denúncia porque o vídeo foi anexado pelos servidores em uma ação trabalhista, como prova de “desvio de função”.
– A palavra que pode ser dita é repugnância. E essa repugnância então ensejou essas duas denúncias, tanto ao Conselho de Ética quanto ao Ministério Público para verificar se a autoria e os fatos são verídicos e dar os encaminhamentos penais devidos a cada um dos que cabem receber punição por aquilo que fizeram – afirma Jonas Dietrich, assessor jurídico da universidade.
Chamado a depor, João Cláudio Arce disse que fez tudo a mando de dirigentes do hospital. Cinco pessoas foram indiciadas por dois crimes, mas deverão responder apenas por formação de quadrilha, uma vez que o crime de maus-tratos, no entendimento do Ministério Público, prescreveu. O motivo da matança não foi esclarecido.
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– Aparentemente, injustificado. Ou seja, animais saudáveis, que em função do grande número existente dentro daquele instituição e em função do barulho que causavam, enfim, era determinado o sacrifício dos mesmos – diz a delegada Sabrina Deffente, da 3ª Delegacia da Polícia Civil de Canoas.
Indiciados negam qualquer envolvimento em mortes
Além de Silva e de Enéas Winck, funcionários que gravaram as imagens e executaram os cães, também foram indiciados a ex-diretora do Hospital Norma Rodrigues, atual tesoureira do Sindicato dos Médicos Veterinários do RS, a ex-vice diretora do hospital Carla Koeche e o professor Carlos Petrucci, que até a semana passada era conselheiro do Conselho de Medicina Veterinária do RS, mas foi afastado por causa das investigações. Todos negam envolvimento no caso.
– Tínhamos uma atitude em relação ao bem-estar dos animais. Então era impossível que, dentro de um projeto, um programa desses, tivesse (acontecido) isso aí – alega Norma.
Contrapontos
O que diz Carlos Petrucci, médico veterinário e ex-conselheiro do Conselho de Medicina Veterinária do Estado
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Os fatos mostrados na reportagem aconteceram em 2008, muito depois de ter sido afastado da gestão do Hospital Veterinário da Ulbra. Durante o período em que participei da coordenação, com a minha ciência e autorização, nunca aconteceram fatos como os narrados na reportagem.
Fui afastado da direção adjunta em julho de 2006 e, desde então, não tive mais contato com a gestão da instituição. No período em que participei da gestão sempre primei pelo bem-estar animal sendo inclusive pioneiro na conduta de não utilizar animais saudáveis em aulas práticas. O indiciamento ocorreu sem que eu fosse ouvido.
O que diz Carla Koeche, médica veterinária e vice-diretora do hospital veterinário na época
Nenhum desses sacrifícios, essas eutanásias, foram realizados com deliberação, com alguma autorização de algum diretor, de alguma chefia de dentro do hospital veterinário.