Ou: “Do respeito à infância”. Estes eram os dois títulos escolhidos para esta crônica, mas como o espaço admite apenas um (e os leitores preferem histórias a teses), prevaleceram os nomes dos personagens em detrimento do tema.
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Começamos por Gabriel, que era apenas mais um menino que cursava o 1º ano do ensino fundamental de Joinville até meados de junho, quando foi afastado da sala de aula e tornou-se personagem de uma reportagem. A decisão foi tomada porque Gabriel estava em situação “irregular” (os alunos desta série deveriam completar seis anos até 31 de março, segundo resolução do Conselho Nacional de Educação, e Gabriel nasceu em 18 de abril). Sua matrícula havia sido um erro que precisava ser corrigido.
Faísca já nasceu personagem. É um leão de brinquedo, com farda e capacete, que acompanha a equipe Bravo, do Corpo de Bombeiros Voluntários, com a missão de ser cuidado por uma criança em situação de risco enquanto os socorristas cuidam dela.
O que une Gabriel e Faísca, destacados em duas reportagens de “A Notícia” na semana passada, são lados opostos para uma mesma questão: o excesso de zelo (e a falta dele) em relação às experiências que envolvem o universo infantil.
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Enquanto uma corporação de atendimento a emergências faz o inusitado (se preocupa em manter uma mascote para amenizar o trauma de uma criança em perigo), um sistema de ensino, cujo público-alvo são justamente os pequenos cidadãos, é capaz de dispensar um estudante (mesmo que volte a admiti-lo dias depois, como foi o caso de Gabriel) para resolver uma questão legal sobre a qual a criança e seus familiares não têm qualquer ingerência.
Não é novidade que as experiências da infância são determinantes para a formação da personalidade e dos valores de um adulto (há quem defenda que isso se estende à juventude e já foi dito algumas vezes que parte do caráter perverso de Hitler foi influenciada por ter seu talento de pintor rejeitado em uma escola de artes).
Zelar pelas vivências positivas das crianças, no mundo caótico de mudanças e regras que nos cerca, deve ser um compromisso de cada um em todos os lugares. Que Faísca nos inspire pelo exemplo, e o caso de Gabriel desperte o bom senso prévio dos envolvidos em situações similares.