No final do século XV uma enfermidade desconhecida surgiu de forma epidêmica na Europa, fazendo milhares de vítimas. Esta estranha e grave doença manifestava-se primeiramente nos órgãos sexuais, na forma de feridas, pústulas e corrimentos.

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Entenda porque a sífilis é tão grave

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A rapidez com que se propagava suscitou várias especulações para explicar a origem e as causas de mais este flagelo que se abatia sobre a sociedade europeia, já abalada com o fantasma permanente da peste. Para a Igreja, a causa da enfermidade era o afrouxamento dos valores morais, fruto do pecado, era considerada um castigo mandado por Deus.

Ainda no século XV, essa doença ganharia o nome que até hoje conserva – sífilis – derivado de um poema intitulado Syphilis sive morbus gallicus (Sífilis ou doença francesa), da autoria de Francastoro, figura iminente do Renascimento italiano.

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A sífilis já causou a morte de algumas figuras importantes da sociedade

Além do poeta Charles Baudelaire (1821-1867), dos pintores Paul Gauguin (1848-1903) e Henri de Toulouse-Lautrec (1864-1901), do escritor Oscar Wilde (1854-1900), e do gângster Al Capone (1899 – 1947), a sífilis também matou o poeta Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805) e Ivan o Terrível (1530-1584), Czar de Rússia. Mas outros personagens ainda mais famosos também tem suspeitas de terem contraído a doença segundo a revista Cashin-Garbutt: Adolf Hitler (1889-1945), Napolão Bonaparte (1769-1821), o rei da Inglaterra Henry VIII (1491-1547), Friedrich Nietzsche (1844-1900), Léon Tolstói (1828-1910), Vincent van Gogh (1853-1890).

Alguns estudiosos defendiam que a sífilis era originária da própria Europa, enquanto outros diziam que a doença foi levada do continente americano pelos navegadores e viajantes. A origem real nunca ficou muito clara.

No século XVI, a terapêutica adotada para tratamento dessa moléstia, ainda praticamente desconhecida, se deu à base de purgativos, e somente mais tarde, o mercúrio foi adotado como um dos medicamentos mais usuais para a sua cura. Geralmente, os médicos prescreviam fricções de mercúrio misturado com banha de porco e ervas aromáticas, como a mirra e o enxofre.

Nos séculos XVI e XVII, embora a doença tenha continuado a se alastrar pelos países europeus, nada de efetivo foi feito para combatê-la. Foi somente no século XIX, especialmente em sua segunda metade, que a sífilis passou a integrar as preocupações das autoridades médico-sanitárias como uma grande ameaça à saúde pública.

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Na segunda metade do século XIX, as pesquisas de Louis Pasteur constataram que as moléstias estavam relacionadas à ação de pequenos seres vivos presentes no organismo. Esta descoberta revolucionou a medicina, permitindo novas intervenções terapêuticas.

Os procedimentos relativos ao diagnóstico, tratamento e profilaxia da sífilis somente começariam a mudar no início do século XX, quando a ciência conseguiu identificar o germe causador da doença, e quando ficou certificado que a penicilina, descoberta na década de 1940, era o melhor tratamento para a sua cura.