Depois de contabilizar os estragos provocados pela falta de água e luz em Santa Catarina, o trade turístico avalia o impacto que o episódio pode causar à imagem do Estado.

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As saídas antecipadas dos visitantes, com promessas de que não pretendem voltar para o Carnaval, preocupam empresários do setor, mas são minimizadas pelo setor público.

Mais de uma semana sem água em Florianópolis

“Não há solução imediata”, diz presidente da Casan

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Turistas cancelam reservas em Santa Catarina por falta de água e luz

Presidente do conselho de administração do Convention & Visitors Bureau de Florianópolis, Eugênio Neto acredita que o episódio prejudica o trabalho de divulgação feito pela entidade.

– Esta falta de abastecimento afeta a imagem da cidade como um todo e prejudica o trabalho do Convention e da Santur de divulgação turística de Florianópolis. É um absurdo dizer que não podemos divulgar a cidade se a nossa economia depende do turismo. O governo precisa fazer a sua parte e dar conta de abastecer essa demanda – opinou Neto.

Para o diretor executivo da Fecomércio-SC, Marcos Arzua, esta temporada revelou um esgotamento da estrutura básica nos principais destinos litorâneos do Estado. No caso de Florianópolis, é preciso extrapolar o conceito de cidade com potencial turístico e transformá-lo em realidade, com a garantia de que os visitantes sairão satisfeitos.

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Investimentos para tentar minimizar as perdas

Na Pousada dos Sonhos, em Jurerê tradicional, faltou água durante 12 dias. De 24 a 4 de janeiro, os hóspedes tiveram que conviver com torneiras secas e curtos períodos de abastecimento improvisado. Enquanto isso, os proprietários precisaram desembolsar R$ 25 mil na água de caminhões-pipa e em caixas d?água extras.

Este é um caso que se repetiu em diversos hotéis de Florianópolis e Balneário Camboriú. Segundo pesquisa da Fecomércio-SC com hotéis das duas cidades, 38,9% deles foram afetados por falta de luz ou água na Capital e 47,8% em Balneário Camboriú.

– Tentamos contornar o problema pedindo para os hóspedes economizarem, redistribuindo para o consumo a água da chuva que captávamos para a limpeza e piscina e contratando caminhões-pipa. Mesmo assim, tivemos desistências nas reservas e hóspedes dizendo que não voltariam para o Carnaval como planejaram. Todo ano enfrentamos o mesmo problema, mas esta temporada foi pior – disse o gerente da Pousada dos Sonhos, Paulo Teixeira Pavão.

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O levantamento da Fecomércio mostrou também que 14,3% dos hotéis em Florianópolis e 18,2% em Balneário Camboriú tiveram check outs antecipados. De acordo com Arzua, da Fecomércio, as desistências geram prejuízo financeiro para os empresários.

– O hotel antecipou o capital para receber o turista, mas não teve o retorno esperado. Gastou e não recebeu o pagamento. É muito difícil na hotelaria fazer uma reposição imediata daquele hóspede que saiu antes do esperado. E pensando em não deixar a diária parada, o empresário prefere fazer uma promoção – explicou Arzua.

Sobre a situação do abastecimento de água e luz na cidade para o Carnaval, Arzua é incrédulo, dizendo não enxergar soluções a curto prazo.

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Empresários também têm responsabilidade na qualificação

Além da falta de água e luz, os turistas precisam enfrentar na alta temporada de Santa Catarina preços inflacionados nos hotéis, restaurantes e supermercados, assim como locais lotados, que exigem paciência para estacionar ou pegar uma mesa.

É neste sentido que Beto Barreiros, dono de um dos restaurantes mais tradicionais de Florianópolis, o Box 32, observa que os empresários do setor também têm a sua cota de responsabilidade na qualificação do turismo.

Ele defende que os restaurantes sindicalizados, ligados à Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-SC) não praticam um aumento desproporcional ao custos na alta temporada, ao contrário de muitos. Também, diz que os consumidores precisam ficar atentos à limpeza dos estabelecimentos nesta época, principalmente devido à falta de água.

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Outro ponto a considerar é o atendimento. Os restaurantes, segundo ele, não têm desculpas para explicar a baixa qualificação dos garçons. Barreiros diz que mesmo os estabelecimentos das praias, que trabalham com funcionários temporários, podem se preparar fechando a equipe com antecedência e oferecendo treinamento.

– Os problemas de abastecimento e os serviços falhos afastam o turista que vem para cá disposto a gastar, mas que acaba se sentindo lesado – disse, acrescentando que Florianópolis tem perdido a capacidade de atrair o turista de alto poder aquisitivo.

Já sobre o aumento de preços praticado pelos hotéis na alta temporada, Eugênio Neto, presidente do Conselho de Administração do Convention & Visitors Bureau de Florianópolis, defendeu ser uma prática legítima com base na lei de oferta e demanda.

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– Não defendo o aumento excessivo das tarifas, mas se o consumidor está absorvendo este preço, então é o que vai valer. Cabe ao empresário prestar um serviço de qualidade – afirmou Neto.

Secretário não acredita que Balneário tenha prejuízos

Balneário Camboriú tem 120 mil moradores, mas chega a ultrapassar a marca de 1 milhão de habitantes durante a temporada. Reconhecida por sua infraestrutura, foram exatamente os problemas estruturais que ganharam destaque nos últimos 10 dias. Falta de água, apagões, trânsito e problemas de segurança pública prejudicaram o Réveillon.

Para o secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico de Balneário Camboriú, Ademar Martins Schneider, no entanto, os episódios não prejudicaram a imagem da cidade.

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– Diretamente, o turista sofreu muito pouco, os moradores foram os mais afetados. Os hotéis e outros lugares já estão preparados para isso. A cidade também está preparada, mas houve demanda exagerada – disse.

Abastecimento normalizado

Segundo Schneider, desde sábado a situação já se normalizou. Para ele, a estrutura de entretenimento e qualidade das praias suportou e foi de acordo com o esperado.

– Acredito que a temporada será bem tranquila, mesmo com o número expressivo de turistas. Eu acredito que o nome da cidade não seja afetado porque as pessoas aproveitaram o show de fogos a infraestrutura como um todo absorveu essa demanda- afirmou.

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