Moradores de Florianópolis vivem drama com as falhas no abastecimento de água registradas nos últimos dias em SC. Foi na última quinta-feira que moradores da Servidão Pepo Manoel da Rosa, no Santinho, Norte da Ilha, abriram a torneira e não saiu mais um pingo d’água.
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A situação é crítica na casa de Dejair e Gislaine Silva. A caçula Lívia, 1 ano, pegou catapora e para aliviar a coceira e manter a higiene da criança, somente com reforço de bombas d’água de cinco litros. São três galões por dia, segundo Dejair.
– Inflacionou muito. Antes custava R$ 6, agora está valendo R$ 10. Para dar banho na pequena a gente tem que comprar uns três por dia. Mesmo assim, deve chegar a fatura da Casan no final do mês com os R$ 70 de sempre. E se a gente não paga, cortam ainda por cima – comentou.
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Se a fatura chegar com o valor médio pago pago pela família, somando o que foi gasto com bombas d’água nestes últimos oito dias, mais de R$ 300 do orçamento da residência vai ser destinado para água.
Nesta quinta-feira, um grupo protestou em frente à sede da Casan, no Centro de Florianópolis, pedindo a regularização do abastecimento.
::Casan é notificada pela agência reguladora estadual e pode receber multa
Visitas tiveram que ir embora antes do Réveillon, conta morador
No final da mesma rua, o ourives Jeferson Cecato, o gaúcho de Caxias do Sul que mora na região há três anos e meio, disse que ficou com vergonha com as oito visitas que vieram passar a virada em Florianópolis
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– Ficaram quatro dias e foram embora antes do Réveillon. Deixaram a cidade sem tomar banho. Dois deles, primos meus, nunca tinham vindo a Florianópolis.
No período sem água, Jeferson tentou contato com a Casan, e disse ter colecionado protocolos.
– Pedi um caminhão pipa há cinco dias e não veio. Disseram pra ligar pra ouvidoria, mas ninguém atende. Você usa o protocolo de atendimento e eles dizem que não tem reclamação desta região no sistema – disse.
Jeferson colecionou protocolos ao pedir volta do abastecimento
Foto: Cristiano Estrela/Agência RBS
R$ 110 por mil litros
Na casa da Marisa Foletto, onde vivem três pessoas, também falta água há oito dias, mas o problema vem do ano todo.
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– A caixa só enche durante a madrugada, mas ao longo do dia não tem água. Só que agora está seco, não tem água nunca – reclama ela, que gastou R$ 110 em mil litros d’água de um caminhão encomendado por uma vizinha.
Todos os dez moradores do local reclamam que esta foi a pior virada de ano em termos de falta d’água. O morador Jeferson Cecato acrescenta que nos oito dias de escassez, faltou luz somente um dia, por algumas horas.
– Este argumento de que a falta de energia gera a falta d’água é mais uma balela – disse.
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O turista de São Paulo, Décio Pimenta, chegou dia 27 de dezembro e já pensa em ir embora.
– Acompanhar isto todo dia é vergonhoso. O poder público tinha que ter mais atenção.
Balneário Camboriú também sente reflexos da falta de água e luz
Com fluxo intenso de turistas e contando com um planejamento insuficiente para suportar o aumento no consumo no feriado, Balneário Camboriú novamente enfrentou problemas de fornecimento de água e energia elétrica durante o Réveillon. Após a virada do ano novo, hotéis e estabelecimentos da cidade anunciavam problemas com abastecimento e procurava orientar os hóspedes a moderarem na utilização.
Casan é notificada e pode pagar multa
A Agência Reguladora de Serviços de Saneamento Básico de Santa Catarina (Agesan) notificou a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) nesta quinta-feira. A Companhia deverá equilibrar o abastecimento de água imediatamente e corre o risco de receber multa máxima de R$ 80 mil em cada um dos 55 itens que serão avaliados pela agência.