Com fluxo intenso de turistas e contando com um planejamento insuficiente para suportar o aumento no consumo no feriado, Balneário Camboriú novamente enfrentou problemas de fornecimento de água e energia elétrica durante o Réveillon. Após a virada do ano novo, hotéis e estabelecimentos da cidade anunciavam problemas com abastecimento e procurava orientar os hóspedes a moderarem na utilização.

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O diretor-geral da Empresa Municipal de Água e Saneamento de Balneário Camboriú (Emasa), Valmir Pereira, afirma que medidas preventiva foram tomadas para que este tipo de problema não se repetisse em 2013. Porém, ele admite que não esperava a vinda de tantos turistas e o rápido aumento de consumo de água no município que é um dos mais disputados do litoral catarinense nesta época do ano.

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Pereira disse que Balneário Camboriú é um caso atípico, pois sua população fixa é de aproximadamente 100 mil habitantes, sendo que no período de alta temporada este número chega a quase 1,2 milhão. O diretor também garante que não houve nenhuma danificação estrutural nas redes de distribuição (nenhum rompimento de adutoras) e que a causa do problema é unicamente o aumento no consumo.

Segundo informações do diretor, nestes primeiros dias de 2014 estão sendo tratados e distribuídos 80 milhões de litros água por dia. Fora da alta temporada, o fornecimento é de 30 milhões. No entanto, isso não impede que algumas áreas da cidade sofram com a falta de abastecimentoo, sendo a principal delas o bairro Nações.

Confira a entrevista:

DC – Todo ano este tipo de problema se repete em várias cidades catarinenses e Balneário Camboriú é uma delas. Não é realizada uma previsão para estabelecer uma estrutura capaz de comportar o consumo de água que aumenta muito nessa época do ano?

Valmir Pereira – Eu assumi a Emasa há um ano. Nos dois últimos anos seguidos, o problema que aconteceu foi que um caminhão bateu num poste e não havia geradores nas estações de tratamento de água. Este ano compramos geradores e instalamos nas estações. Nos preocupamos então com a parte elétrica. Neste ano, que foi atípico, nós não contávamos com um feriado tão prolongado que emendou o Natal e o Ano Novo. Na baixa temporada, nós enviamos por dia 35 milhões de litros. Hoje estamos enviando para a cidade 80 milhões de litros por dia. O consumo é excessivo, com as pessoas tomando vários banhos diários. O fornecimento de água não para. O que aconteceu é que em alguns pontos da cidade faltou água. 80% da população está abastecida. O bairro mais prejudicado é o Bairro das Nações, onde muitas casas e hotéis não têm reservatório adequado. Vamos trabalhar para que esse problema não se repita. Nunca vi tanta gente assim em Balneário como este ano.

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DC – Mas é o normal o fluxo intenso de turistas em direção ao litoral catarinense nessa época e isso tem sido crescente de uns ano para cá. Balneário Camboriú não deveria se preparar melhor para estes feriados para que não faltasse água para ninguém?

Pereira – Nós trabalhamos para trazer os turistas para Balneário Camboriú. Infelizmente esse ano o fluxo foi acima do esperado. Muita gente veio passar o Réveillon aqui. Então estávamos preparados para receber o turista. Aliás, estamos preparados. Só que dessa vez o consumo foi tão elevado que entre sete e oito dias tivemos problemas com água. Não esperávamos por isso. Prever esse tipo de coisa é muito difícil. Por outro lado, há muito desperdício também. Constatamos pessoas usando os chuveiros da praia para lavar cadeiras, brinquedos e caixas e não para tomar uma ducha propriamente dita. Mas em nenhum momento a cidade ficou 100% sem água. Já estamos trabalhando para identificar os problemas, mas até agora garanto que não houve nenhum rompimento de rede e não paramos o abastecimento. Agora devemos repensar o ano que vem, junto com os técnicos, para fazer mais reservas e estamos com projetos de estruturas novas.

DC – Mesmo que não tenha faltado água para todos, o problema ainda permanece para algumas pessoas. O turista vem e espera ter água suficiente. Isso não pode ser prejudicial para atração de novos turistas no ano seguinte?

Pereira – Mas depois eles acabam voltando, porque a cidade trata bem os turistas, tem ótimas praias e beleza natural. O que a Emasa pôde fazer para atender a população foi feito, com caminhão-pipa. Desde o começo do feriado disponibilizamos o nosso 0800 para atender a população. Estamos 24 h fazendo este tipo de atendimento.

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DC – Exatamente quais medidas a Emasa pretende tomar ano que vem para que esses problemas não se repitam?

Pereira – Estamos prevendo uma nova adutora e elevar a distribuição de 930 litros por segundo para 1,2 mil litros por segundo. Mais reservatórios. Reforço nas redes e fazer vistorias nos prédios para saber se todos possuem sistemas de reservatório adequados para que ele possa atender mesmo que superlotado. É tudo um trabalho de expectativa. Você nunca quer que algo dê errado, mas quando acontece, é preciso assumir.

DC – Por que essas melhorias não foram feitas antes?

Pereira – Veja, nós já estamos instalando uma adutora para abastecer as praias e a região Sul. Só para liberar essa obra, eu levei quase oito meses. Você licita uma obra, aí é preciso diversas autorizações, entre elas da pista onde a obra será realizada. É uma coisa complicada que só quem acompanha diariamente sabe como é. Outra coisa é captação de recursos que fazemos junto ao município para investimentos que saem caro. Neste ano, como lhe disse, instalamos mais geradores, fizemos melhorias na captação, só que não foram suficiente. Teremos que fazer nova avaliação e se preparar para ano que vem.

DC – Muitos moradores reclamam que ligam para Emasa solicitando caminhões-pipa e não devidamente atendidos. Por que isso acontece?

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Pereira – O 0800 da Emasa funciona 24 hora. Estávamos com seis caminhões entregando água. O trânsito atrapalha muito. Se você pegar todos os pedidos, eles foram atendidos. Mas alguns casos demoram muito, às vezes duas ou três horas para chegar. As vezes o caminhão chega numa casa que não tem acesso adequado para o abastecimento. Estes caminhões são muito grandes para as ruas da cidade. Existem pontos que não dá para transitar normalmente. É onde atrasa o abastecimento.