Setor de tecnologia alavanca empreendedorismo em Florianópolis

Quem deseja empreender em Florianópolis tem motivos de sobra para comemorar. Pesquisa divulgada em novembro pela ONG internacional de fomento ao empreendedorismo Endeavor mostra que a cidade está à frente de outras 13 capitais que possuem regiões metropolitanas de alto crescimento quando o assunto é empreendedorismo. Um dos motivos é o chamado capital humano, item liderado pelo município por reunir amplo acesso e qualidade em escolas e universidades.

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A cidade foi considerada um polo, com mais de 30% da população com graduação. Além disso, tem a maior proporção de pesquisadores trabalhando em empresas – um para cada 28, duas vezes a média das 14 capitais.

– O principal diferencial da cidade são as pessoas. Há muitos profissionais de outros locais vindo para a capital catarinense e as universidades daqui estão gerando pessoal capacitado também. Além disso, os profissionais depois de um tempo começam a querer empreender – afirma Alexandre Souza, gestor do projeto Startup/SC do Sebrae.

Crescimento iniciou na década de 1980

Souza ressalta que o avanço do empreendedorismo na cidade tem como pano de fundo o crescimento exponencial das empresas de base tecnológica, que começou em meados de 1980. Ele afirma que as incubadoras tiveram papel importante neste processo, afinal também contribuíram para o surgimento de um ecossistema de inovação e empreendedorismo. Gabriel Sant’Ana Santos, coordenador-geral do Midi Tecnológico, incubadora gerida pela Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate) e mantida pelo Sebrae/SC, defende que Florianópolis atrai profissionais e empresas por motivos que vão muito além das paisagens naturais e do clima:

– Temos boas universidades que formam recursos humanos e instituições que buscam e transformam essas pessoas em empreendedores.

Porém, o setor de tecnologia ainda enfrenta desafios. A oferta de pessoal não acompanha a demanda, a legislação não acompanha o ritmo das mudanças tecnológicas e a burocracia na hora de abrir um negócio ainda é grande. Especialistas dizem ainda que falta um grande empreendimento na região – hoje mais focada em micro e pequenas empresas – para evidenciar Florianópolis no cenário internacional.

Do quarto para o mercado

Seis jovens universitários reunidos em um quarto de apartamento em Florianópolis. Assim nasceu, em 2008, a Involves Tecnologia e Inovação, que faturou R$ 2,2 milhões neste ano e atualmente conta com 30 colaboradores.

Quando ainda eram universitários na UFSC e Udesc, os seis sócios começaram o negócio usando como sede da empresa o quarto da casa dos pais de um deles. Depois de cerca de dois anos e muitas tentativas de produtos, desenvolveram uma plataforma de gestão de equipes de promotores de venda, que é o grande carro-chefe da startup hoje. O produto é comercializado em todos os Estados brasileiros e outros países. Entre os clientes, empresas como Motorola e L’oreal.

– Estamos duplicando o faturamento a cada ano. Para o próximo, queremos triplicar – conta André Krummenauer, administrador e um dos sócios.

Ele ressalta que foco, determinação e a entrega de uma solução para um nicho de mercado foram fundamentais para o sucesso da Involves, alavancado pelo fato de estar em Florianópolis, apesar de “não ter muito mercado consumidor na cidade”.