Sete meses após fortes chuvas destruírem diversas pontes de Florianópolis, deixando comunidades isoladas ou com difícil acesso, a reportagem da Hora fez uma ronda na manhã desta sexta-feira, 13, para ver como está a reconstrução das estruturas.
Continua depois da publicidade
Um dos bairros mais atingidos foi Ratones, no norte da Ilha. Por lá, quatro pontes desmoronaram com a enxurrada. A principal chegou a separar o bairro ao meio. Dessas estruturas, três já foram reconstruídas, mas 11 famílias que vivem na Servidão Juventina Rufino Garcia estão sem acesso à via pública porque a ponte ainda não foi erguida. Outras localidades que dependem das pontes para facilitar a locomoção dos moradores são Morro Pedra de Listras, no Saco Grande, e Vargem Grande.
Ratones
A vida de 11 famílias que vivem na Servidão Juventina Rufino Garcia ainda não voltou ao normal. Desde o dia 11 de janeiro, quando a pequena ponte que dava acesso à via caiu, mais de 50 moradores precisam passar pelo terreno de vizinhos para conseguirem sair ou entrar em casa. Seu Armando Henrique Garcia, de 66 anos, conta que se não fosse a compreensão dos vizinhos, que abriram uma passagem para as famílias, não sabe como conseguiria sair de casa.
Continua depois da publicidade
— A situação está difícil e cada vez mais agravante, ainda bem que temos vizinhos de bom coração, que nos deixam passar por aqui, mas a gente sabe que tira a privacidade. Estamos esperando pelo poder público, acredito que agora vai sair a ponte — diz confiante.
Dona Olga Maria da Silva, 64, é dona do terreno por onde as famílias passam para acessar a via principal do bairro. Ela não vê a hora que a ponte seja construída, que vai beneficiar todos os moradores.
— Quem tem carro precisa deixar na rua ou em casa de parente porque aqui não tem espaço o suficiente para todos. Eu até deixo o pessoal guardar as motos porque sei que é perigoso deixar na rua. Tá difícil, mas esperamos que logo essa ponte saia.
Continua depois da publicidade
De acordo com a Prefeitura de Florianópolis, a obra da ponte Servidão Juventina Rufino Garcia não entrou no pacote de obras emergenciais porque ela tem o projeto mais complexo. Além da ponte, será preciso construir um muro de contenção, o que demanda mais tempo. A obra já está em licitação e até o final de julho deve ser conhecida a empresa vencedora. Assim que for assinada a ordem de serviço, o prazo para reconstruir a estrutura será de 200 dias. A obra está orçada em torno de R$ 1 milhão.
Já dona Maria Jordelina da Silva, 65 anos, está feliz da vida com a nova ponte que dá acesso a sua casa, na Servidão Hercílio Augusto da Cunha. Após a antiga ponte de madeira ser destruída pelas chuvas, sete famílias ficaram completamente isoladas. Algumas pessoas até se arriscavam e passavam pelas madeiras que tinham ficado no fundo do rio. Para amenizar a situação, os moradores fizeram uma estrutura provisória até que a ponte de concreto ficasse pronta. Na semana passada, a ponte foi concluída, faltando apenas terminar uma calçada.
— Ficou muito bom, o trabalho foi muito bem feito. Eu tenho uma filha que é deficiente, e era muito difícil passar com ela por ali. Mas não só por ela, por todos os moradores, agora ficou beleza — diz.
Continua depois da publicidade
A ponte da Estrada Intendente Antônio Damasco, a principal de Ratones, também está novinha em folha. Os serviços por lá foram finalizados há cerca de 20 dias segundo o morador Edivalde Santos, 64.
— Melhorou 100%. Sem a ponte eu tinha que dar a volta na Vargem Pequena, era um percurso meio longe, mas agora tá bom.
Esta foi a primeira ponte a ser construída na cidade após a enxurrada. Enquanto a nova estrutura era erguida, os moradores passavam a pé por uma ponte de madeira improvisada. No dia 8 de fevereiro ela foi liberada para o tráfego de veículos mesmo ainda estando em obras.
Continua depois da publicidade
A ponte da Servidão Martinho Júlio da Silva também já foi concluída.
Vargem Grande
Na Vargem Grande, no Norte da Ilha, a Estrada Cristóvão Machado de Campos, a principal do bairro, foi separada ao meio quando a ponte que lá existia foi destruída. Moradores precisavam dar a volta pela SC-403, no Rio Vermelho ou Ingleses, para acessar o outro lado da rua de carro. A pé, de moto ou bicicleta até dava para atravessar pela ponte de madeira improvisada.
As obras começaram ainda em janeiro, mas ficaram paradas por quase um mês, o que preocupou os moradores. Na época, a prefeitura alegou que o concreto colocado como base no fundo do rio precisava ficar alguns dias descansando, por isso, ficou um tempo sem obras no local. Hoje, a ponte está pronta, feita com galerias de concreto, corrimão, calçada e iluminação.
Já a ponte da Servidão João Manoel Inácio ainda está incompleta. O trânsito já foi liberado, mas ainda falta finalizar a oba. A estudante de direito Samara Vicente, de 23 anos, conta que faz mais de um mês que ela não vê ninguém trabalhando no local.
Continua depois da publicidade
— Fizeram até as muretas e desde então está parado, não vi mais movimentação. Deveriam também fazer o asfalto da rua porque é muita poeira — pede.
Segundo a prefeitura, as obras na ponte devem ser finalizadas nas próximas semanas.
Saco Grande
O segurança Maureci Gomes, de 50 anos, e todos os moradores do Morro Pedra de Listras, no bairro Saco Grande, comemoram a conclusão das obras da ponte da rua que leva o mesmo nome, concluída na semana passada. A estrutura feita em concreto deixou para trás a antiga ponte de madeira destruída pelas chuvas. Seu Maureci agradece.
— Ficou ótima, depois de tantos meses com as obras paradas, finalmente terminaram. Ficou muito boa, melhor estraga — diz.
Continua depois da publicidade
Pelo menos 30 famílias tiveram o acesso ao morro prejudicado. A Associação de Moradores fez uma estrutura de madeira para a passagem de pedestres, moto e bicicleta, mas de carro só dando a volta pelo Morro do Caju. Hoje, a rotina voltou ao normal.