Quase um mês após agentes da Guarda Municipal voltarem a ocupar um espaço dentro da rodoviária de Joinville, a sensação de insegurança permanece viva entre funcionários e usuários do terminal. Uma das principais reclamações é de que a Prefeitura não cumpriu com a promessa de colocar o órgão de segurança durante 24 horas por dia no local. Segundo as pessoas ouvidas pelo “AN”, o compromisso está longe de ser efetivado.
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Uma funcionária que preferiu não se identificar garante que os agentes vão todos os dias até a rodoviária, mas ficam no máximo três horas por turno. Enquanto isso, os moradores de rua e usuários de drogas são presença frequente durante todo o dia. Segundo ela, eles apenas saem do terminal para tomar banho e café da manhã no Centro Pop, que fica na mesma rua.
— Eles entram aqui e pedem dinheiro para todo mundo. Muita gente reclama que mal desce do ônibus e já está sendo abordado para dar dinheiro — conta.
O funcionário de uma empresa de turismo, que também prefere não se identificar por medo de represália, também afirma que a presença dos moradores de rua é maior do que dos guardas municipais. De acordo com ele, as brigas e confusões entre os próprios usuários de drogas diminuiu nas últimas semanas, mas ainda é constante o incômodo com o pedido de dinheiro para os passageiros.
— Tem clientes que ficam com bastante medo e sempre reclamam da falta de segurança — ressalta.
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Na manhã desta segunda-feira, a reportagem conseguiu identificar pelo menos 12 moradores de rua nos arredores da rodoviária. Eles circulavam pelos corredores pedindo dinheiro ou ficavam próximos ao ponto de ônibus conversando. No entanto, também tem gente que não se incomoda com a presença dos moradores por perto. Thayse Delfino, 25 anos, foi uma das passageiras abordadas enquanto esperava o ônibus com a avó Laurinda Coutinho, 73 anos, para voltar à Umuarama (PR).
— Tem bastante gente pedindo dinheiro aqui, mas não me incomoda muito. Não me parecem estar prejudicando ou mexendo com alguém — explica.
A Prefeitura de Joinville informou que a unidade da Guarda Municipal que atua na rodoviária realiza rondas na região e atua em ocorrências que acontecem próximas ao terminal que chegam pelo telefone 153. Segundo o município, por exemplo, a guarnição prendeu um foragido do sistema prisional que estava no cemitério municipal na semana passada.
De acordo com a Prefeitura, a rodoviária permanecerá com a estrutura da guarda no local, cumprindo a função de dar segurança aos usuários e servir de apoio às outras guarnições em ocorrências nas proximidades, principalmente em horários de entrada e saída de escolas.
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Promessa de mais segurança
A Rodoviária de Joinville voltou a receber a presença da Guarda Municipal para fazer a segurança do local no último dia 23. A decisão da Prefeitura aconteceu após a retomada da discussão sobre a falta de segurança e os problemas estruturais do terminal de passageiros. No primeiro dia, dois profissionais contavam com uma viatura e uma sala especialmente para realizar o trabalho na rodoviária. O retorno até foi comemorado por funcionários e passageiros.
A Guarda Municipal já havia atuado no local em outra oportunidade. Na metade de 2015, o órgão começou a fazer um policiamento permanente na rodoviária das 6 horas até a meia-noite. Durante a madrugada, também realizava rondas pela região. No entanto, ao longo do tempo a Prefeitura entendeu que os agentes da guarda deveriam, preferencialmente, cuidar da segurança nas escolas da cidade e eles deixaram de atuar durante todo o dia no terminal.
Mobilização em busca de melhorias
A discussão sobre a situação da rodoviária foi levantada no quadro Compromisso JA, do Jornal do Almoço, da NSC TV Joinville. Desde então, uma série de reportagens destacou os problemas presentes no terminal de passageiros da cidade. A Câmara de Vereadores também se envolveu na discussão, realizado uma visita ao local e reuniões para discutir soluções.
O Instituto de Previdência Social dos Servidores Públicos do Município de Joinville (Ipreville) é o proprietário do imóvel da rodoviária, adquirido do poder público nos anos 1980, e o aluga para as atividades do terminal de passageiros da cidade. O presidente do órgão, Sérgio Miers, anunciou que a reforma do prédio pode ser iniciada em junho, com prazo de conclusão de um ano. O edital de licitação para contratação da empresa que assumirá a reforma será lançado no fim de abril.
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O projeto de reforma contempla o sistema hidráulico, a rede de esgoto e a cobertura, além da parte elétrica, que atualmente é a mais problemática. O local não possui gerador de energia elétrica nem luzes de emergência e, no início do mês passado, chegou a ficar por cerca de duas horas sem iluminação.
Há pelo menos cinco anos a Rodoviária de Joinville funciona sem o laudo de prevenção à incêndios, já que a estrutura do terminal não atende aos requisitos de segurança exigidos pela corporação. Com isso, também não é possível emitir o alvará de funcionamento do local. A direção do Ipreville garantiu que o projeto preventivo de incêndios também será executado.
O investimento da reforma é de R$ 2,5 milhões, com recursos do instituto. De acordo com a direção, até o início das obras, não será realizada nenhuma obra emergencial na Rodoviária.