A Rodoviária de Joinville voltou a receber nesta sexta-feira a presença de agentes da Guarda Municipal para fazer a segurança do local. A decisão da Prefeitura aconteceu após a retomada da discussão sobre a falta de segurança e os problemas estruturais do terminal de passageiros. No primeiro dia, dois profissionais contavam com uma viatura e uma sala especialmente para realizar o trabalho na rodoviária.
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A Guarda Municipal já havia atuado no local em outra oportunidade. Na metade de 2015, o órgão começou a fazer um policiamento permanente na rodoviária das 6 horas até a meia-noite. Durante a madrugada, também realizava rondas pela região. No entanto, ao longo do tempo a Prefeitura entendeu que os agentes da guarda deveriam, preferencialmente, cuidar da segurança nas escolas da cidade e eles deixaram de atuar durante todo o dia no terminal.
O retorno da Guarda Municipal foi comemorado por funcionários e passageiros da rodoviária. Segundo o funcionário de uma empresa de turismo que não quis se identificar, a presença dos agentes já começou a surtir efeito no primeiro dia de atuação. Ele garante que a segurança era o principal problema enfrentado no local e o trabalho dos agentes era o que faltava para melhorar a situação.
— Isso inibe essas pessoas que ficam aqui brigando e abordando os passageiros todos os dias. Acredito que agora vai voltar ao normal e vamos poder trabalhar com tranquilidade — confia.
O funcionário conta que os passageiros também reclamam porque param no guichê da empresa para comprar uma passagem e já são abordados por pedintes em busca de dinheiro. A advogada Patrícia Ferreira, 30 anos, reduziu o número de viagens para evitar ter que passar pela rodoviária. Ela explica que há um mês esteve no local com uma amiga para viajar até Araquari. Em poucos minutos, foram abordadas por três moradores de rua.
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— Quando voltamos para cá de noite, tinha pelo menos dez moradores dormindo ao redor da rodoviária. Hoje estou aqui e está bem calmo. Até agora, não fui abordada por ninguém — conta.
De acordo com a advogada, o problema de insegurança está em toda a região da rodoviária. Ela já ouviu relatos de pessoas com medo de usarem o ponto de ônibus em frente ao terminal por causa das abordagens e pedidos de dinheiro. O fiscal de plataforma Valter Mainardes conta que na última quinta-feira, por exemplo, dois homens corriam atrás de um terceiro com uma faca na mão na rodoviária.
— Os guardas inibem a presença deles porque daí já não ficam assediando os passageiros. O pessoal tem medo dessas pessoas e acabam dando dinheiro para elas porque não veem nenhum tipo de segurança ao redor — explica.
Mobilização em busca de melhorias
A discussão sobre a situação da rodoviária foi levantada no quadro Compromisso JA, do Jornal do Almoço, da NSC TV Joinville. Desde então, uma série de reportagens destacou os problemas presentes no terminal de passageiros da cidade. A Câmara de Vereadores também se envolveu na discussão, realizado uma visita ao local e reuniões para discutir soluções.
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O Instituto de Previdência Social dos Servidores Públicos do Município de Joinville (Ipreville) é o proprietário do imóvel da rodoviária, adquirido do poder público nos anos 1980, e o aluga para as atividades do terminal de passageiros da cidade.
Na semana passada, o presidente do órgão, Sérgio Miers, anunciou que a reforma do prédio pode ser iniciada em junho, com prazo de conclusão de um ano. O edital de licitação para contratação da empresa que assumirá a reforma será lançado no fim de abril.
O projeto de reforma, desenvolvido por técnicos da Associação de Municípios do Nordeste de Santa Catarina (Amunesc), contempla o sistema hidráulico, a rede de esgoto e a cobertura, além da parte elétrica, que atualmente é a mais problemática. O local não possui gerador de energia elétrica nem luzes de emergência e, no início do mês, chegou a ficar por cerca de duas horas sem iluminação.
Há pelo menos cinco anos a Rodoviária de Joinville funciona sem o laudo de prevenção à incêndios, já que a estrutura do terminal não atende aos requisitos de segurança exigidos pela corporação. Com isso, também não é possível emitir o alvará de funcionamento do local. A direção do Ipreville garantiu que o projeto preventivo de incêndios também será executado.
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O investimento da reforma é de R$ 2,5 milhões, com recursos do instituto. De acordo com a direção, até o início das obras, não será realizada nenhuma obra emergencial na Rodoviária.