Noventa e duas famílias com pelo menos 75 crianças podem ser retiradas do terreno em que moram na Avenida das Torres, em São José, na Grande Florianópolis. O local havia sido ocupado pelas famílias, mas um decisão judicial garantiu a reintegração de posse ao proprietário. A retirada deve ser cumprida imediatamente após o vencimento do prazo, o que acontece nesta sexta-feira.
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A Secretaria da Assistência Social de São José tenta um terreno junto à União, que possa receber essas famílias. A ideia é conseguir um lugar que possa ser atendido pelo Programa Minha Casa Minha Vida. Segundo o Secretário Rui da Luz, um reunião na quinta-feira que contou com a presença de representantes do Ministério Público, da Secretaria do Patrimônio da União, das Polícias Civil e Militar, dos moradores e do proprietário do terreno, demonstrou um interesse de todas as partes em resolver essa situação da melhor maneira possível, sem o uso da violência.
De acordo com o secretário, o advogado do proprietário do terreno aceitou conceder um prazo para que o terreno da União seja liberado desde que isso não afete a decisão do juiz que tem caráter imediato. Essa certeza tem que ser dada ainda hoje para que as famílias não sejam retiradas do terreno sem ter para onde ir.
Outra chance de as famílias não serem retiradas do terreno é o desembargador Luiz Zanelato, da Câmara Civil Especial, suspender a liminar. Segundo a advogada representante dos moradores, Daniela Félix, a decisão está com o desembargador e agora é esperar que ela saia ainda nesta sexta-feira.
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Segunda retirada
Essa seria a segunda vez em que essas famílias seriam retiradas de um terreno. No dia 10 de outubro elas tiveram que deixar uma área, também na Avenida das Torres, em cumprimento, a uma decisão judicial que reintegrou a posse à dona do terreno. Depois de morar quase um mês de forma improvisada no Ginásio Municipal do Jardim Zanelatto, no dia 7 de novembro, as famílias decidiram ocupar outra área próxima ao abrigo.

O grupo afirma ter ocupado a primeira área por ela ter sido prometida pelo prefeito Djalma Berger durante um discurso político na época das eleições, nas quais ele concorreu à reeleição. O promotor Jadel da Silva Júnior, do Ministério Público de São José, segue investigando se a conduta de Djalma Berger “contribuiu com o caos social por que passam estas famílias”.
>> Veja imagens da retirada dos moradores do terreno em São Jsoé
Na época, Berger explicou que aquela era uma reunião política normal e que os comunicou da regularização do terreno, mas que teria esclarecido que aquela era uma área já ocupada anteriormente por outras famílias, com a autorização do proprietário. Quanto ao decreto, Djalma diz não ter assinado nada, que apenas falou a respeito da regularização do terreno e que, em nenhum momento, teria deixado isso claro às pessoas, acrescentando que os que se confundiram foi porque quiseram se confundir.
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