Chateado e com o coração doido, assim Fernandes se descreveu após a saída abrupta do Figueirense. Uma história de 13 anos que teve fim porque o clube não quis renovar o contrato com o jogador. O motivo seria o alto salário do atleta. Na entrevista coletiva na tarde desta terça-feira, no Hotel Majestic, o maior ídolo da torcida alvinegra explicou que o seu salário atual é o mesmo que recebia em 2009 e 2010, quando o clube estava na Série B.

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Segundo Fernandes, o clube não ofereceu nenhuma alternativa para ele continuar jogando pelo Figueirense, e a única porta aberta foi a opção de se aposentar e se tornar assistente técnico. Assim, o futuro do meia-armador será o futebol paulista.

O gerente de Futebol do clube Red Bull Brasil, Carlos Arini, esteve em Florianópolis nesta terça e ofereceu para Fernandes um contrato de cinco meses para ele ajudar o time a subir para a primeira divisão do futebol paulista. No comando da equipe está o atual técnico e campeão catarinense, Hemerson Maria, que Fernandes conheceu no Figueirense.

– Tenho um amigo o Carlito (Arini), que sempre me liga. E agora ele me ligou convidando para trabalhar no Red Bull junto com o Hemerson Maria nesse projeto. É uma marca muito forte e assinei um pré-contrato. O clube tem uma estrutura muito boa e estou empolgado com esse projeto – explicou Fernandes.

Leia os principais trechos da entrevista coletiva com Fernandes

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Você ficou chateado com a forma que foi tratada a sua saída?

Fernandes – Algumas coisas me deixaram chateado, principalmente a declaração do Wilfredo de que ele já teria conversado comigo e acertado a minha aposentadoria. A gente nunca conversou e não acertamos nada. Não tivemos conversa. O que eu fiz foi me dedicar no Figueirense sempre. Tinha o sonho de continuar aqui e depois de parar trabalhar no clube, mas infelizmente não foi assim. O Wilfredo está mal assessorado ou mal informado.

O que foi oferecido para você na reunião com o Marcos Moura Teixeira?

Fernandes – Ele me ofereceu o cargo de assistente técnico e deixei claro que não queria sair do campo. Não foi oferecido nenhum contrato para mim. Nem um contrato de risco, em 2009 eu aceitei. Fiz um contrato de produtividade. Ou eu tinha a opção de aceitar o cargo técnico ou estava fora. Eu respeito essa decisão, mas queria esclarecer isso para vocês. E não foi de agora, e eu fui cozinhado dentro do clube. Tem coisas que eu não posso falar, mas vocês viram. Foi criado um rótulo para mim de que eu sempre me machuco. Nunca deixei de me dedicar e trabalhar. E eu me machuquei todas as vezes defendendo o clube. Isso foi criando força dentro do clube. Tudo que eu fiz aqui dentro foi como muito carinho e amor. Eu tenho fé que vou voltar para o Figueirense. Não será uma ou duas pessoas que vão me deixar fora do clube. Quero agradecer todo o apoio. Estou emocionado. Hoje o mundo gira entorno de dinheiro. E agora o nosso clube vive entorno do dinheiro.

Você esperava não renovar seu contrato com o clube?

Fernandes – Eu já esperava pela briga política. Fica a tristeza de tudo que a gente passou nesse ano. Dentro de campo não conseguimos conquistar nada. E lógico essa mágoa, e tento tirar ela do meu coração, mas lembro das coisas que aconteceram e que as pessoas que estão no comando tentaram me colocar contra a torcida.

Você tem alguma coisa para receber do clube?

Fernandes – Realmente é sempre um momento delicado essa questão de dinheiro no futebol, porque envolve planejamento. Hoje no Figueirense o momento é delicado e critico, eu tenho dinheiro ainda do ano passado para receber. Teve uma reunião no sábado no treinamento. Porque termina o ano e realmente é difícil falar com alguém ou o telefone esta desligado ou não atendem. São três meses de imagem atrasado para os jogadores. A gente sofreu esse ano, não sabemos onde está todo esse dinheiro. Esse ano o clube teve a maior receita nos 13 anos que estou aqui. Isso a gente fica preocupado, e a tendência é o orçamento ser bem menor no próximo ano. Eu aconselho a torcida ficar ligada e estar próxima. Tem gente que chega no clube e vê nele um trampolim para uma vida financeira mais tranquila para ele. E tem que pensar no clube, o Figueirense fica. E quem sofre é só a torcida, são eles que mais sofrem.

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Qual é o futuro do Fernandes?

Fernandes – Acabei de ter uma conversa agora de manhã. A minha prioridade era o Figueirense e manifestava a intenção de continuar no clube. Mas, não foi possível. Tenho um amigo o Carlito (Carlos Arini, ex-gerente de Futebol do Avaí), que sempre me liga. E agora ele me ligou convidando para trabalhar no Red Bull com o Hemerson Maria. É uma marca muito forte e assinei um pré-contrato. O clube tem uma estrutura muito boa e estou empolgado com esse projeto.

Quem é o Marcos Moura Teixeira para você?

Fernandes – O Marcos chegou em 2010, mas ele ficou mais atuante no fim do ano. Eu sempre respeitei ele mesmo sabendo que ele não gostava de mim. E muitas pessoas me diziam isso. Eles me diziam o porquê ele não me queria no clube. Não tenho mágoa, e eu realmente desejo muito sucesso.