Não há um Didi, um Nilton Santos. Muito menos um Garrincha, o anjo das pernas tortas, para assumir o protagonismo sem Pelé, como em 1962. Sob este aspecto, não dá nem para comparar. As semelhanças ficam restritas ao contexto histórico, na analogia do camisa 10 que sai de cena.

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Mas há um aspecto a unir as duas épocas, apesar das diferenças: sem o centro do time, o futebol terá de ser repartido pelas periferias. A Seleção que tenta nesta terça vaga em sua sétima final de Copa contra a Alemanha terá de ser o que sua adversária sempre foi: operária.

Durante mais de um século, sempre que Brasil e Alemanha se enfrentaram, a manemolência e a invenção estiveram sempre conosco, enquanto os alemães eram puro método, força e repetição. Da última vez, na final de 2002, com o mesmo Felipão de técnico, Ronaldinho, Rivaldo e Ronaldo encarnaram essa graça e leveza. Os três têm em casa o troféu de melhor do mundo da Fifa.

Desde o joelhaço pelas costas que fraturou a terceira vértebra lombar de Neymar, resta à Seleção apostar no conjunto, na gota de suor a mais. Na raça, quem sabe com Neymar vendo o jogo nas tribunas do Mineirão e oferecendo um elemento emocional positivo a mais para mobilizar o país.

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A Seleção tem ótimos jogadores, estrelas de grandes clubes europeus. Mas, definitivamente, nenhum protagonista após a lesão de Neymar. Enquanto isso, Joachim Löw comanda uma geração mais leve, que dribla e faz muitos gols, sem abandonar suas origens aristocráticas. A força aérea – a terrestre também – segue a mesma.

São cinco gols de cabeça nesta Copa. Por isso, Felipão jamais cogitou não levar a campo o 1m87cm de Luiz Gustavo, que cumpriu suspensão contra a Colômbia. Também por isso pensa usar três volantes de boa estatura, promovendo Paulinho e mantendo Willian no banco.

É uma das alternativas testadas por Felipão para enfrentar a Alemanha, que tem um meio-campo sólido e fortíssimo, no qual todos marcam e jogam com igual eficiência. Todas as propostas do técnico gaúcho passam pela mesma lógica. Compensar a perda da individualidade com o reforço do coletivo.

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Em vez de um só reencarnar Neymar, a ideia é cada um assumir uma parte de seu protagonismo de modo que a soma resulte em até mais eficiência na defesa e opções de ataque. Não há mais Neymar, a primeira alternativa sempre. É preciso tentar outras, e aí reside a oportunidade ímpar para os que antes faziam a corte do rei.

Nos bastidores da Seleção, apesar da tristeza profunda pela perda de Neymar, há um diagnóstico confiante. A melhor atuação coletiva na Copa se deu contra a Colômbia, exatamente numa tarde em que, com dores no joelho, o camisa 10 rendeu bem menos do que o seu habitual

O Brasil que entra em campo contra a Alemanha hoje no Mineirão ouvirá o coro de “Eu Acredito” dos mineiros, simbolizando o entendimento nacional de que é hora da superação.

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É possível, sim, repetir o enredo de 1962, sem o camisa 10 redentor. Desde que a união faça a força – e Felipão é mestre nisso.

COPA DO MUNDO, SEMIFINAL, 8/7/2014

BRASIL

Julio César; Maicon, David Luiz, Dante e Marcelo; Luiz Gustavo, Fernandinho, Paulinho (Willian), Oscar e Hulk; Fred

Técnico: Luiz Felipe Scolari

ALEMANHA

Neuer; Lahm, Boateng, Hummels e Höwedes; Schweinsteiger, Khedira, Kroos, Götze (Schürrle ou Klose) e Özil; Müller

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Técnico: Joachim Löw

Arbitragem: Marco Rodríguez, auxiliado por Marvin Torrentera e Marcos Quintero

Local: Mineirão, Belo Horizonte, 17h

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