O futuro de um prédio de 210 metros quadrados, pronto desde dezembro de 2014 e localizado em área nobre do bairro Itacorubi, em Florianópolis, segue indefinido. Planejado inicialmente para ser uma central de videomonitoramento da Polícia Militar, a edificação passou por readequações elétricas e hidráulicas antes de ser entregue em definitivo à corporação, depois de ser doado pela Prefeitura de Florianópolis em 2012. Reivindicação de moradores e do Conseg (Conselho de Segurança) da Bacia do Itacorubi, a implantação de uma base operacional da PM no local não deve sair do papel. O motivo, conhecido do povo da Grande Florianópolis, é o efetivo policial escasso, que não daria conta de atender à base e às ruas.

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Em maio, em uma reunião do Conseg com a presença de representantes da PM, moradores do bairro entregaram um abaixo-assinado com mais de 2 mil assinaturas pedindo melhor iluminação, mais rondas policiais à noite e de madrugada e a construção de um posto policial no bairro, inclusive lembrando que já havia um local para isso, o imóvel de dois andares que fica na esquina da rodovia Amaro Antônio Vieira com a Servidão das Palmeiras, a poucos metros da rodovia Admar Gonzaga, em área estratégica da região.

Para o pedreiro Jaciel Andrade, 32 anos, seria ótimo contar com um posto policial no bairro, porém, ressalta, a unidade precisa ter policiais para trabalhar.

— Não pode ficar que nem o posto do Parque São Jorge, que fica quase sempre abandonado. Se vão fazer, tem que ser ocupada por PMs — cobra.

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Opinião semelhante tem o aposentado Paulo Kother, 62 anos, que cita “a sensação de segurança” como um fator que uma base da PM levaria à comunidade.

A avaliação da corporação é de que não adianta montar um posto policial e “colocar apenas um PM” lá. Devido ao efetivo aquém do necessário, observa a assessoria de imprensa da instituição, seria preciso ao menos nove policiais para atuar na unidade. Isso representaria três viaturas a menos nas ruas, destaca a PM.

Dessa forma, o comando da corporação ainda estuda como aproveitará o prédio que foi fruto de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre o Ministério Público de Santa Catarina (MP/SC) e a Construtora Fontana, que se comprometeu a construir a edificação depois que outro empreendimento da empresa, também no Itacorubi, foi alvo de um inquérito civil público.

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O promotor Rogério Selligman, da 28° Promotoria de Justiça, que foi o responsável por mediar o TAC, explica que foram feitos dois termos de cessão de uso do terreno para a PM. O primeiro deles dizia que o terreno estava destinado para a construção de uma central de videomonitoramento, mas como a PM pediu adequações no prédio e ainda estuda o que fazer, a Prefeitura de Florianópolis baixou um novo decreto. O documento foi publicado em 9 de junho deste ano, definindo como finalidade de uso do espaço a implantação de uma unidade da PM, porém sem especificar o que funcionará no local.

Pedido também em Santo Antônio de Lisboa

Outra região de Florianópolis que clama por mais segurança é Santo Antônio de Lisboa, norte da Ilha. Em 7 de julho, era para acontecer no bairro uma audiência pública convocada pelo vereador Ricardo Vieira, mas como não apareceu nenhum representante da Polícia Militar, o encontro foi cancelado e remarcado para o dia 8 de agosto. Desativado desde 2014, o posto do bairro foi fechado por conta da falta de estrutura.

Na época, o então comandante Fábio Matos de Melo afirmou à Hora que o prédio não permitia o atendimento adequado à população. A mudança desagradou o povo que, por meio do Conselho de Segurança (Conseg) pediu ao comando para reativar o local. Hoje, o próprio presidente do Conseg do bairro, Adriano Ribeiro, apesar da esperança, pouco acredita que o posto policial possa ser reativado.

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— A polícia diz que não tem efetivo, o problema é que nossa insegurança aumentou muito desde que o posto foi fechado, aumentaram os roubos e furtos após as 18h — reclama.

A reportagem tentou conversar com o tenente-coronel José Nunes Vieira, comandante do 21° Batalhão, que abrange Santo Antônio de Lisboa, mas ele não foi localizado. Em matéria publicada no mês de maio deste ano sobre o assunto, o capitão Diego Machado, do 21º BPM, explicou que a reabertura não está no planejamento da instituição.

— Se a gente pudesse, reabriria todos os postos. Mas continuamos trabalhando lá com barreiras, com uma viatura diária, as bike-patrulhas, participando ativamente do Conseg. Nós temos atendido plenamente aquela localidade dentro das nossas possibilidades — explicou o oficial.

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